El Corsario y la Rosa de Invierno - Versión Española

Capitulo 1

Lisboa, 1794

O cheiro de peixe seco, suor e ferrugem impregnava as pedras úmidas do píer. Vozes gritantes eram ouvidas no cais, lâmpadas tremulavam ao vento e sombras se cruzavam rápido demais. Lisboa nunca dormia de verdade.

Drake Wolveston, conhecido por quase duas décadas como Lan Zhenyu, movia-se tranquilamente entre os barris e cordas do porto. Ele vinha do Oriente, da costa de Guangdong, dos portos de Batávia e Malaca. Do outro lado do mundo.

Ele carregava a espada jian nas costas, envolta em uma bainha escura. Sob o casaco largo, havia marcas que nenhum inglês ousaria entender — dragões de tinta e flores de ameixeira entrecortados por palavras que só ele conseguia ler.

Ele era o capitão do Lótus de Sangue, um navio mercante com bandeira portuguesa, embora todos soubessem que era mais do que um simples navio mercante. Atracara em Lisboa sob o pretexto de carregar chá, porcelana e tapeçarias raras — mas isso era tudo fachada. Ele viera atrás de uma pista. E agora, com o porão cheio, preparava-se para zarpar para a Inglaterra, sua terra natal.

O verdadeiro motivo da viagem permaneceu escondido no baú do navio.

Ele cresceu acreditando em uma história simples: que foi sequestrado durante um ataque ao navio de seus pais e depois vendido como escravo. Mas, nas costas da China, acolhido por um mestre da guerra e da navegação, ouviu outras versões.

Recentemente, enquanto vasculhava uma gaveta esquecida pertencente ao velho que o criou, ele encontrou algo que mudaria tudo: um documento escrito em chinês antigo e inglês formal, com o nome Strathmore riscado — e uma referência enigmática. Entre as linhas tortas e borradas, uma frase se destacava:

A criança nunca deve saber quem ela é.

Ela o confrontou sobre a descoberta, mas o velho apenas lhe disse seu nome verdadeiro: Drake Wolveston. Ele não sabia — ou não queria — contar a ela quem queria que ele fosse embora.

Ele estava prestes a virar uma esquina quando viu o menino.

Magro, de olhos brilhantes e cabelos despenteados, ele estava encostado na parede ao lado de uma porta sem identificação. Finalmente havia encontrado seu contato.

Drake deu um passo à frente, mas o instinto o fez parar.

Três homens saíram das sombras e o cercaram.

"Mais um passo e você está morto", disse uma voz, em português quebrado.

Ele não respondeu. Torceu o corpo reflexivamente, sentindo a lâmina passar ao seu lado. Sua mão agarrou o punho da espada. Em segundos, o aço brilhou à luz da lâmpada mais próxima. Ele se moveu como aprendera: baixo, rápido, preciso. Seu braço arqueou. A lâmina jian assobiou no ar. Um grito. Um corpo caiu, imóvel. O segundo homem hesitou — e recuou para as sombras. O terceiro tentou pegá-lo por trás.

Drake girou e deu um soco na barriga do homem. Então, com um estrondo, jogou-o contra a parede. O homem caiu, mas se levantou imediatamente e fugiu pelo beco.

O menino já havia desaparecido.

Amaldiçoou a própria habilidade — deveria ter ferido pelo menos um deles para descobrir quem os enviara. Ficou sozinho no beco, com o coração batendo forte, como nos velhos tempos dos ataques noturnos. Aproximou-se do corpo caído, limpou o sangue da espada nas roupas do morto e a embainhou novamente. Então, abaixou-se e procurou calmamente nos bolsos. Encontrou algumas moedas, um lenço sujo e uma nota rasgada com letra ilegível. Guardou-a.

Ao terminar, endireitou-se e saiu do beco sem olhar para trás. Alguém teria visto o que acontecera, e as autoridades logo chegariam.

Ele caminhou em direção ao porto, com o olhar atento às sombras. Ao embarcar no Lótus de Sangue, os marinheiros chineses o cumprimentaram respeitosamente. Ele não respondeu.

O mar erguia-se negro à distância.

Subiu na proa e contemplou a névoa que se erguia sobre o Tejo. Apoiou-se na amurada e tirou um pedaço de papel rasgado do casaco, examinando-o ao luar.

Com uma letra firme estava escrito:

Wolveston — vivo ou morto.
Alto. Cabelo castanho-escuro comprido. Veste-se como um oriental.
Autodenomina-se Lan Zhenyu. Capitão do Lótus de Sangue.
Armado com uma espada. Cuidado.

Ninguém sabia que Lan Zhenyu era Drake Wolveston, mas alguém sabia o suficiente para querê-lo morto.

O navio partiu. Drake olhou para as luzes dispersas da cidade enquanto o navio se afastava e murmurou:

—Se eles me querem morto, vão ter que se esforçar mais.

Ele deu as costas à cidade e voltou para sua cabine. O navio estava zarpando.




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