A carta tremia nas mãos de Clara, as palavras escritas à tinta desbotada pareciam pulsar com uma urgência quase palpável.
“Se alguém encontrar isso, saiba que estou preso em uma teia que não posso escapar. Confie em Gabriel, ele é a única esperança.”
Clara ergueu os olhos para Gabriel, que a observava com um misto de preocupação e determinação.
— Quem escreveu isso? — ela perguntou, a voz falhando.
Ele respirou fundo, desviando o olhar.
— Matheus.
Um silêncio pesado caiu entre os dois. O nome, carregado de memória e dor, parecia preencher o ar com uma presença invisível.
— Então ele estava vivo por mais tempo do que pensávamos? — Clara sussurrou.
Gabriel assentiu.
— E em perigo. Por isso sumiu. Por isso tentou avisar.
De repente, um barulho vindo do porto da cidade será rapidamente transformado. A cabana estava escura, mas os olhos atentos de Gabriel já haviam sido percebidos como uma sombra entre as árvores.
— Precisamos sair daqui, agora! — ordenou, puxando Clara pela mão.
O som de passos apressados e folhas sendo pisadas os purseguiu até o carro, onde Clara quase tropeçou em sua pressa.
Dentro do veículo, o motor rouco e o partiu em alta velocidade para a estrada deserta, enquanto a chuva caía forte, lavando a noite de mistérios e ameaças.
Eu não ando, Gabriel seguro do rosto de Clara com firmeza.
— Eles não vão desistir facilmente. Mas juntos, podemos enfrentar qualquer coisa.
Clara olhou para ele, sentindo o calor do toque e a força da promessa implicit.
No rádio do carro, uma música suave tocava, contrastando com o turbilhão de emoções e perigos que os cercavam.
Naquela noite, a linha entre o medo e o desejo se tornava cada vez mais tênue — e Clara sabia que não havia volta.