Vientos de Pasión-El Precio de la Esperanza-Versión española

Episodio 2

A viagem foi longa e silenciosa, interrompida apenas pelo barulho das rodas na estrada de terra. O céu já estava tingido de tons escuros quando a carroça finalmente parou. Gabriel olhou pela janela e viu as sombras do pequeno e isolado porto. Um navio esperava, seus altos mastros balançando contra o céu.

A porta da carroça se abriu abruptamente, e Gabriel saiu, seus pés tocando o chão frio enquanto uma sensação de desconforto se espalhava por seu corpo. O ar cheirava a sal e algas marinhas, e o som das ondas quebrando contra o píer parecia um aviso sombrio de que não havia mais volta.

Uma voz profunda e autoritária ecoou na noite. "É esse o menino?"

Gabriel se virou e viu um homem alto, com cabelos escuros e uma cicatriz que ia do rosto até o queixo. Sua presença era imponente, quase predatória, e o sorriso frio que ele exibia não oferecia conforto algum.

"Sou o Capitão Redford", disse o homem, passando os dedos pela cicatriz como se fosse um hábito inconsciente. Sua voz era áspera, marcada por anos de comando. "Aqui, perguntas não salvam ninguém. Você obedecerá... ou rezará para que o mar o leve primeiro."

Gabriel sentiu seus músculos se contraírem e sua respiração parar por um momento. Ele sabia, sem que ninguém precisasse lhe dizer, que sua vida havia mudado irreversivelmente.

Ele foi empurrado em direção ao navio, tropeçando levemente nas tábuas molhadas do cais. O cheiro de sal se misturava ao fedor ácido do peixe e do suor, tornando o ambiente ainda mais sufocante. Cada passo era acompanhado pelo olhar atento de Redford, cujo silêncio era tão ameaçador quanto suas palavras.

Ele subiu na prancha estreita até o convés, sentindo o vento gelado golpear seu rosto. O som das velas sendo içadas quebrou o silêncio, misturando-se às ordens bruscas do capitão. O convés era um labirinto de sombras e movimentos rápidos: homens ocupados com suas tarefas, outros observando o novo recruta com olhares avaliadores, alguns cheios de desdém, outros simplesmente indiferentes.

Gabriel tentou muito não parecer intimidado. Um balde de água salgada caiu no convés, respingando em suas botas. Ele murmurou para si mesmo: "Pelo menos minhas botas agora cheiram a mar."

O comentário, dito sem a intenção de ser ouvido, arrancou uma breve risada de um dos marinheiros. Gabriel virou a cabeça para tentar ver quem tinha rido, mas antes que pudesse descobrir, a voz aguda de Redford ecoou. "Rapaz, se você falar menos e trabalhar mais, talvez você sirva para alguma coisa."

Gabriel se endireitou. "Bem, pelo menos eles não me jogaram no mar ainda... é um bom começo, não é?"

O capitão estreitou os olhos e se aproximou lentamente. O silêncio ao redor ficou mais denso.

"Ao mar?" Ele repetiu, com ironia na voz. "Rapaz, nós só jogamos fora aqueles que valem menos que a água que bebemos. Trabalhe para provar que você não é um desperdício, e talvez você sobreviva até o jantar."

Os marinheiros riram baixinho enquanto se afastavam. Gabriel engoliu em seco, mas não desviou o olhar. Redford observou-o por um momento, seus lábios se curvando em um sorriso que não alcançou seus olhos.

"Você tem coragem, pelo menos", ele murmurou. "Vamos ver quanto tempo dura."

Enquanto o navio se afastava do porto, Gabriel deu uma última olhada para a costa desaparecendo na escuridão. Medo e sentimentos de abandono pesavam em seu coração. O lar que ela conheceu, os amigos que ela deixou para trás... tudo parecia um sonho perdido na espuma do mar.

"Anda logo, garoto!" Um dos marinheiros gritou, empurrando-o para longe da grade. Gabriel tropeçou, mas rapidamente se endireitou, cerrando os punhos. "Eu não demonstraria medo. Eu não daria esse prazer a ninguém." As palavras que ele sussurrou para Lilian antes de partir ecoaram em sua mente novamente. "Eu voltarei."

Ao longe, as colinas que outrora testemunharam as travessuras de Gabriel, Lilian e Clara pareciam adormecidas, envoltas no véu da névoa noturna. Eles seriam sempre os mesmos, mas ele... ele não seria mais.




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