KATE - 14 ANOS
Nossa amizade se desenvolveu como flores surgindo entre as brechas de um chão árido. E, nesse caso, eu era as flores, e Marco, com seu humor mordaz, o chão árido.
Eu estaria mais do que feliz em manter as coisas minimamente respeitosas e educadas. Porém as coisas com Marco jamais poderiam ser superficiais. Para meu completo horror, nossa amizade não foi a única coisa que surgiu entre nós depois de um tempo. E sendo sincera comigo mesma, talvez uma relação genuína de apoio e lealdade nunca tivesse sido minha verdadeira intenção quando invadi sua academia pessoal, disposta a erguer uma bandeira branca.
Havia sentimentos mais profundos permeando minha mente, com raízes escondidas sob camadas que se conectavam com o meu coração. Aos poucos essas camadas foram sumindo, se tornando mais frágeis e decadentes diante das descobertas que eu fazia sobre as mil faces de Marco Castellari.
Então me vi diante do verdadeiro perigo.
Fosse na forma como o pegava me olhando intensamente.
Na maneira como suas mãos pareciam gostar de me tocar.
Em como sua voz enrouquecida dizia meu nome.
Ou em como ele fazia o mundo desaparecer quando me via do outro lado do corredor da escola e vinha em minha direção como um cavaleiro destemido.
A princípio, não coloquei muita fé que uma amizade entre nós pudesse funcionar. Na verdade, eu tinha quase certeza de que em poucos dias estaríamos rosnando um para o outro novamente.
Mas não foi isso que aconteceu.
Nem de longe.
Eu me vi querendo que as coisas dessem certo, que ele pudesse se apoiar em mim como uma amiga de verdade. Que confiasse em mim com a mesma facilidade que confiava em meus irmãos.
Surpreendentemente, Marco também trabalhou para isso.
Não foi um processo fácil. Como ele mesmo havia dito, éramos uma combinação explosiva. Ele era intenso, possessivo e autoritário, enquanto eu era destemida, ousada e despreocupada. Ele rugia na minha cara e eu devolvia com uma gargalhada.
Isso fez com que nós explodíssemos.
Mais de uma vez.
E, em todas essas vezes, Marco foi o primeiro a estender a mão para segurar a minha e me tirar de dentro do incêndio que tínhamos causado.
Ele se tornou algo precioso, a força que afastava meus medos e a coragem que envolvia meus sonhos.
Em passos lentos, Marco foi se tornando a minha fortaleza, meu porto e meu refúgio. Por conta disso, foi impossível não me apaixonar completamente pelo meu melhor amigo.