Voava...sim voava sobre um passado perdidamente irrecuperável...e pensando alto:
-Quero esquecer...
--O senhor está bem?--era a minha vizinha do banco ao lado,com seu ar sereno e preocupada. Transparecia em seus cabelos marcas de experiências vividas.
--Desculpe se a acordei.
--Nem por isso, estava vendo as nuvens la fora. Eu é que peço desculpa se perturbei seus pensamentos.
--Não...obrigada...já me ia esquecendo, Vasco Sintra...que falta de educação a minha!
--Não tem de quê...Ermelinda Figueiras, aconteçe, todavia não foi por mal.
--Saibe a senhora que estou revoltado comigo.
--Consigo?--ora pois explique-se.
--Ora mas para quê incomodá-la?
--Não seja assim, se calhar até lhe fazia bem desabafar, não?
--Vejo que insiste, mas digo-lhe já que é uma história triste.
--Não me faça rir!
--Mas porquê?--como se pode rir da tristeza, diga-me?
--Estou rir mas é de mim, sabe é que a minha não vai além de duas linhas!
--Nunca vi tal coisa!--com o devido respeito estou pasmado senhora.
--Mas comece o senhor primeiro, vejo que necessita mais de falar!