Os Espíritos do Mundo No princípio de todas as coisas, antes que as nações erguessem suas bandeiras e os reinos traçassem suas fronteiras, havia apenas os Espíritos Primordiais. Dizem que são vinte, entidades antigas, nascidas das forças que moldaram o universo. Cada um deles é um pilar da criação, representando conceitos como fogo, vento, terra, vida, morte e, entre eles, a guerra. Embora poderosos e reverenciados, nenhum Espírito é mais temido ou venerado que outro, pois todos são necessários para o equilíbrio do mundo.
Esses Espíritos não são deuses, mas forças vivas que habitam o tecido do mundo, observando e intervindo em momentos decisivos da história. Cada um deles escolhe mortais para carregar sua essência, criando seres excepcionais, capazes de façanhas que desafiam o entendimento humano. Aqueles escolhidos pelos Espíritos são conhecidos como Receptáculos, e seu destino é, sem exceção, marcado por glórias e desafios imensuráveis.
Gaikos Tharnë, um garoto nascido nas profundezas da Cidade de Metal, era um desses escolhidos. Um órfão criado nas ruas duras e implacáveis do Reino de Thyrathen, um reino próspero, famoso por suas forjas e abundância de metais preciosos. Thyrathen se dividia em cinco grandes cidades: Diamantina, uma joia de riqueza e luxo; Mitril, a cidade fortificada e lar dos melhores ferreiros; Ouro, onde a elite do reino controlava suas riquezas; Prata, o coração do comércio; e Bronze, conhecida pela produção de armamentos. Mas, abaixo de todas elas, tanto em posição quanto em prestígio, estava a Cidade de Metal — a mais pobre e esquecida de todas, dominada pela criminalidade, onde a lei era moldada pelas sombras e pela força.
Gaikos, no entanto, não era como as outras crianças da Cidade de Metal. Desde o nascimento, uma força poderosa o acompanhava. Seus reflexos eram mais rápidos, sua pele mais resistente, e sua mente, mesmo jovem, entendia o combate de maneira instintiva. Ele havia sido escolhido pelo Espírito da Guerra, uma entidade que conferia força, estratégia e brutalidade aos seus Receptáculos. Embora o Espírito da Guerra fosse respeitado e temido por sua influência destrutiva, não era considerado o mais poderoso entre os vinte Espíritos. Cada Espírito tinha seu papel, e a guerra, embora devastadora, também trazia renovação e mudanças necessárias.Apesar de seu poder latente, Gaikos não estava sozinho. Ele cresceu nas ruas com dois amigos inseparáveis. O primeiro era Tharokk, um jovem orc de coração forte e temperamento feroz, cuja lealdade inabalável e força física faziam dele um aliado de confiança. O segundo era Kaela, uma raposa lupina — uma criatura humanoide com traços de raposa, ágil, astuta e cheia de engenhosidade. Juntos, os três formavam uma espécie de família improvisada, enfrentando os desafios da Cidade de Metal com coragem e união. Onde um falhava, o outro se erguia, e assim, sobreviviam em um mundo que parecia destinado a esmagá-los.
Gaikos, com o Espírito da Guerra em seu interior, sabia que o destino tinha planos para ele, embora ainda fosse jovem demais para compreender sua real dimensão. As ruas da Cidade de Metal sussurravam seu nome com um misto de medo e curiosidade, enquanto os olhos dos outros evitavam os seus.
Gaikos Tharnë, o Receptáculo da Guerra, estava destinado a ser mais do que um simples lutador. Ao lado de Tharokk e Kaela, ele seria o Filho da Guerra, e em seu nome, reinos cairiam, novos impérios se ergueriam, e as lendas sobre os Espíritos Primordiais seriam reescritas.
Editado: 14.10.2024