Corações na Tempestade - Versão Portuguesa

Episode 13

Passada uma semana o Azure fazia-se ao mar novamente. A bordo ia o Conde de Devonshire e a acompanhà-lo um enviado do Parlamento, Amélie ficara na mansão. O Azure cortava as àguas escuras do Canal da Mancha, as suas velas remendadas tremulando ao sabor do vento irregular. Cada rangido da madeira parecia amplificar a tensão entre os tripulantes. A fragata Queen Elizabeth, com suas velas impecàveis e silhueta ameaçadora, seguia firme na retaguarda. O sol nascente tingia o céu de dourado, mas o clima a bordo era de expectativa e apreensão.

O Capitão Scott estava no convés, o olhar fixo no horizonte. Ele sabia que aquelas àguas eram perigosas, especialmente com a presença constante de corsàrios franceses. Ao seu lado, o Conde de Devonshire parecia perdido em pensamentos, a mão firme na bengala, os olhos fixos na linha tênue onde o céu encontrava o mar.

— Capitão, quanto tempo até alcançarmos a ilha de sark? — perguntou o Conde, quebrando o silêncio.

Scott ajustou o chapéu, olhando para o horizonte antes de responder.

— Com bons ventos, dois dias, My Lord. Mas se as condições mudarem ou encontrarmos... obstàculos, pode demorar mais.

Devonshire apertou os làbios, visivelmente insatisfeito com a resposta.

— Obstàculos? O que quer dizer com isso?

Scott virou-se para ele, mantendo um tom calmo.

— Estas àguas, My Lord, não são tão seguras quanto parecem. Corsàrios, navios franceses... até mesmo tempestades que surgem do nada. Estamos bem acompanhados pela fragata, mas seria imprudente ignorar os riscos.

O Conde balançou a cabeça lentamente. Ele sabia que Scott estava certo, mas isso não diminuía sua impaciência. Enquanto o Azure navegava, os marinheiros estavam ocupados ajustando cordas e vigiando os arredores. O enviado do Parlamento, um jovem de expressão estoica chamado Mr. Caldwell, subiu ao convés. Ele parou ao lado do Conde e fez uma leve reverência.

— My Lord, confio que tudo esteja a seu agrado, — disse Caldwell com cortesia forçada. Devonshire virou-se lentamente, o semblante carregado.

— Nada estarà ao meu agrado até que minha neta e Lord Devereux sejam encontrados.

Caldwell sustentou o olhar, mas respondeu com firmeza.

— Compreendo, My Lord. Mas devo lembrà-lo de que nossa missão é recuperar mais do que vidas. Hà questões de Estado envolvidas. Precisamos estar preparados para agir caso encontremos resistência.

Devonshire estreitou os olhos, claramente irritado.

— Tabitha é minha neta, não um peão em seu jogo político, Caldwell. Tenha isso em mente.

Caldwell deu um passo atràs, acenando respeitosamente, mas mantendo-se firme.

— Claro, My Lord. Mas se me permite dizer, este jogo político pode determinar o destino de nossa nação. Não podemos dar-nos ao luxo de falhar.

A conversa foi interrompida quando o marinheiro no mastro principal gritou:

— Navio à vista, a estibordo!

Todos no convés se voltaram para o ponto indicado. Um pequeno navio estava visível à distância, as suas velas desgastadas batendo ao vento. Não parecia ser uma ameaça imediata, mas sua aproximação era ràpida demais para ser casual.

Scott puxou o telescópio e observou com atenção.

— Um baleeiro... ou pelo menos parece ser, — murmurou, baixando o instrumento. — Mas està navegando muito ràpido. Algo não bate certo.

Devonshire franziu o cenho.

— O que sugere, Capitão?

Scott hesitou por um momento antes de virar-se para o imediato.

— Preparem as defesas. E sinalizem para o Queen Elizabeth. Quero a fragata em alerta total.

O imediato correu para transmitir as ordens. Em poucos minutos, o convés do Azure estava num movimento frenético. Marinheiros verificavam mosquetes, ajustavam cordas e posicionavam os poucos canhões que tinham. Conforme o navio desconhecido se aproximava, ficou claro que não era um simples baleeiro. Bandeiras falsas foram baixadas, revelando a insígnia de corsàrios franceses. Do convés, homens armados começaram a gritar em francês, preparando-se para abordar.

Devonshire segurou a bengala com mais força, o olhar sombrio.

— Eles estão nos a provocar.

Scott assentiu, os olhos fixos nos corsàrios.

— É isso que fazem, My Lord. Mas não se preocupe, não estamos sozinhos.

Um estrondo ecoou no ar quando o Queen Elizabeth disparou um tiro de aviso. O projétil passou ao largo, mas a mensagem foi clara. O navio corsàrio hesitou, ajustando as suas velas, como se reconsiderasse o ataque.

— Parece que temos amigos influentes, — murmurou Scott, um pequeno sorriso cruzando seus làbios.

Mas antes que pudessem relaxar, outro marinheiro gritou:

— Outro navio, a bombordo!

Scott levantou o telescópio novamente, o rosto endurecendo.

— Outro corsàrio... maior. Eles pretendem nos cercar.

O Azure virou bruscamente para evitar ser encurralado, e a fragata assumiu a posição de proteção. No convés, a tripulação estava em alerta màximo. Scott gritou ordens para ajustar o curso, enquanto marinheiros verificavam armas e se preparavam para o combate.




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