Corações na Tempestade - Versão Portuguesa

Episode 18

Os primeiros raios de sol atravessavam as cortinas do quarto de Tabitha, pintando as paredes em tons suaves de dourado. Ela despertou lentamente, ainda envolta na lembrança da noite anterior. Os seus làbios curvaram-se em um sorriso enquanto passava a mão pelo travesseiro ao lado, onde Ethan estivera. Ele havia partido antes do amanhecer, para evitar que fossem descobertos, mas o calor e o perfume dele ainda permaneciam. Uma criada entrou, trazendo uma bandeja com o café da manhã.

— Bom dia, My Lady. Trouxe o seu chà e torradas. O Conde pediu que descansasse hoje. Tabitha sorriu, sentando-se na cama.

— Obrigada, Emily. Deixe a bandeja na mesa, por favor.

Enquanto comia na cama, seu sorriso não desaparecia. Havia uma leveza em seu coração que ela não sentia hà tempos. Após terminar, levantou-se e chamou Emily novamente para ajudà-la a vestir-se. Decidiu escolher um simples vestido azul do enorme enxoval que o avô lhe tinha oferecido e dispensou Emily.

— Pode ir Emily e informe o meu avô que estarei aqui se ele necessitar de mim. Se eu necessitar de alguma coisa toco a sineta.

Sozinha, ela dirigiu-se a um baú que estava no canto do quarto, não sabia como mas ele tinha sobrevivido à tempestade a bordo do Azure. Era um baú que ela tinha desde a infância, cheio de recordações. Ao abrir a tampa, começou a retirar roupas e papéis velhos, sentindo-se nostàlgica. No entanto, enquanto tirava um vestido antigo com colchetes, um deles prendeu no forro da tampa e o tecido rasgou-se repentinamente. Um conjunto de papéis caiu no chão. Tabitha abaixou-se, franzindo o cenho ao apanha-los, desdobrou-os, percebeu imediatamente que não eram simples lembranças. Os documentos revelaram-se um mapa detalhado das movimentações de barcos e tropas britânicas ao longo da costa, juntamente com uma carta escrita pelo embaixador inglês descrevendo essas movimentações e indicando onde eram os portos seguros e quem é que estava a ajudar os britanicos a furar o bloqueio naval françês. O conteúdo era claro: informações confidenciais que, nas mãos erradas, poderiam comprometer a segurança da Grã-Bretanha. Tabitha ficou paralisada, o coração acelerado.

— O que... o que isso significa? — murmurou para si mesma.

Uma onda de pânico percorreu seu corpo. Estas informações estavam escondidas no baú dela. Como é que foram ali parar? Quem é que as colocou là? A sua mente voltou-se de imediato para os seus pais e para a sua morte misteriosa. Haveria uma ligação?

Tabitha tocou a sineta e passado pouco tempo Emily chegava.

- Chamou, My Lady?

- Sim, Emily, diga à Amélie que venha ter comigo.

. Sim My Lady. - disse Emily fazendo uma vénia e saindo para ir buscar Amélie.

Amélie entrou no quarto com uma expressão preocupada ao ser chamada assim sem cerimónias e franziu a testa ao ver o rosto pàlido de sua protegida.

— O que houve, Tabitha? Està tudo bem? — perguntou Amélie.

Tabitha segurou os documentos com força, mostrando-os a Amélie.

— Explique isso, Amélie. Estes papéis estavam escondidos no meu baú. Eles descrevem movimentações militares britânicas. E esta carta... é de um embaixador inglês. O que é isto?

Amélie empalideceu, as mãos a tremer quando agarrou os documentos. Os seus olhos encheram-se de làgrimas ao reconhecer o conteúdo.

— Minha menina... — começou ela, hesitante. — Isto é pior do que eu temia.

Tabitha sentiu o chão fugir debaixo de si.

— Então é verdade, isto està relacionado com a morte dos meus pais, não é?

Amélie hesitou, mas finalmente assentiu.

— A tua mãe confidenciou-me algo antes de partirmos do Palacete para Saint-Malo. Ela era... amante do Cardeal Fleury. Mas quando soube que a sua avó tinha falecido decidiu voltar para Grã-Bretanha, e segundo ela ter finalmente direito ao que era seu como esposa do seu pai. Mas ela sabia demais sobre o que Fleury fazia e queria, como tal ela e o seu pai decidiram dar um último golpe e servir-se desses documentos para garantir que Fleury não os mandava matar e cobrar uma avultada soma. Ela acreditava que ele iria mandà-los matar senão fosse assim, então fugimos para a Grã-Bretanha. Mas... talvez ele tenha descoberto. Talvez seja por isso que... que eles foram assassinados.

Tabitha cambaleou, as làgrimas a cair pela sua face.

— E você nunca me disse nada? Deixou-me viver sem saber a verdade?

Amélie segurou-lhe as mãos, suplicando.

— Eu fiz isso para a proteger, Tabitha. Eu sabia que, se soubesse, ficaria em perigo. Esses documentos... agora entendo porque é que a sua mãe os escondeu. Ela sabia que seriam a única forma de expor Fleury. Tabitha afastou-se, ainda segurando os documentos com força.

— Saia, Amélie. Preciso pensar.

Amélie ainda tentou falar, mas Tabitha levantou a mão, indicando-lhe que a conversa tinha acabado. Amélie saiu, cabisbaixa. Com o coração acelerado e a mente tomada pelo caos, Tabitha tomou a decisão de chamar Ethan. Ela enviou-lhe uma mensagem discreta, e ele chegou rapidamente ao quarto dela, fechando a porta com cuidado.

— O que é que aconteceu? — perguntou ele, ao ver o rosto dela.

Tabitha entregou-lhe os documentos sem dizer uma palavra. Ele analisou-os em silêncio, a tensão na sua expressão a cada palavra mais evidente.




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