Corações na Tempestade - Versão Portuguesa

Episode 28

Dentro da mansão, Amélie comandava com eficiência a preparação de Tabitha. Amélie, a mulher que a criou desde criança. Amélie era mais do que uma dama de companhia; era uma figura materna, firme e amorosa, que havia ensinado Tabitha não apenas a se comportar como uma dama, mas a pensar e a lutar como uma mulher forte. Amélie não perdeu tempo. Com mãos experientes, orientou Tabitha a escolher o vestido perfeito: um modelo de cetim preto profundo, que deslizava sobre sua silhueta com elegância, com mangas curtas e um delicado decote em coração. O corte destacava sua postura impecàvel e contrastava com a pele clara. Para as joias, Amélie optou por algo simbólico. No pescoço de Tabitha, colocou um colar de pérolas e diamantes, um presente do seu falecido avô. Nos pulsos, braceletes de prata trabalhadas, simples, mas graciosas. Nas orelhas, brincos de diamantes pequenos, suficientes para iluminar seu rosto sem exageros. O toque final foi seu penteado. Amélie prendeu os cabelos de Tabitha num coque baixo e elegante, deixando apenas alguns cabelos soltos para suavizar a sua expressão.

— Estàs linda, minha querida. Mas lembra-te, a força que precisas não està nas joias ou no vestido. Està em ti.

Tabitha sorriu, tocando a mão de Amélie.

— Obrigada. Por tudo. Sempre.

Enquanto isso, na sua mansão, Ethan preparava-se com a mesma dedicação. Vestiu um terno preto bem cortado, com um colete cinza-escuro e uma gravata de cetim bordô, que trazia um toque sutil de cor. O cabo de prata de sua bengala estava polido, e ele ajustou os punhos da camisa com precisão. Pontualmente, Ethan chegou à mansão de Tabitha. Amélie foi quem abriu a porta, lançando-lhe um olhar avaliador antes de sorrir levemente. Tabitha desceu as escadas logo depois. Ethan, que raramente demonstrava emoções, sentiu-se momentaneamente sem palavras.

— Magnífica, — disse ele, finalmente, estendendo o braço para ela.

— Obrigada, Ethan. E devo dizer que estàs à altura desta noite, — respondeu ela, com um sorriso discreto.

Antes de partirem, Amélie aproximou-se e encarou Ethan.

— Cuide dela. Ela confia em si, e isso não é algo que ela faça com facilidade.

Ethan inclinou a cabeça, sério.

— Prometo que o farei.

Pouco depois, a carruagem seguiu pelas ruas iluminadas de Londres, levando-os à mansão dos Duques de Wellington. A imponente mansão dos Duques de Wellington exalava calor e opulência. As janelas estavam iluminadas, revelando os lustres que pendiam dos tetos abobadados. Carruagens chegavam em fila, deixando os convidados no longo tapete vermelho que conduzia às grandes portas de carvalho trabalhado. Ethan e Tabitha desceram de sua carruagem, atraindo olhares curiosos.

— Nunca estive aqui antes, — murmurou Tabitha, olhando para o edifício com uma mistura de admiração e nervosismo.

— Eles são mestres na arte de impressionar, — respondeu Ethan, oferecendo-lhe o braço. — Mas não te deixes enganar pelas aparências. Sob toda esta pompa, hà sempre segredos.

Ela segurou o braço dele com firmeza, sentindo a tensão nos músculos.

— Seja o que for que aconteça esta noite, estamos juntos.

Ethan não respondeu, mas o olhar que lhe lançou dizia tudo.

O salão principal era um espetàculo por si só. As paredes estavam cobertas por tapeçarias ricas, retratando cenas de batalhas gloriosas e feitos da aristocracia. Lustres de cristal pendiam do teto, refletindo a luz das centenas de velas em candelabros dourados. Uma orquestra tocava suavemente ao fundo, enquanto os convidados, em trajes finíssimos, se envolviam em conversas animadas e brindavam com taças de cristal. Tabitha e Ethan entraram lado a lado, atraindo olhares que variavam entre curiosidade e admiração. Ela manteve a postura ereta, imitando a graça das damas ao redor, mas não conseguiu evitar um leve aperto no braço de Ethan ao sentir o peso das atenções.

— Fique perto de mim, — murmurou ele, inclinando-se ligeiramente para ela. — E observe tudo. Não confie em ninguém, por mais amigàvel que pareça.

Pouco tempo depois, o anfitrião anunciou a chegada do Duque de Eddington. Todos os olhares voltaram-se para a entrada, onde ele surgiu com a habitual pompa, acompanhado por alguns cortesãos. A sua figura imponente contrastava com a expressão polida que sempre exibia, mas Ethan, que o observava atentamente, notou os sinais de tensão no seu rosto.

— Ali està ele, — murmurou Ethan para Tabitha, com um leve aceno de cabeça.

— Ele parece tão... normal, — respondeu ela, franzindo o cenho.

— As màscaras mais perigosas são sempre as mais comuns, — respondeu Ethan, com uma nota de dureza na voz.

Enquanto a noite avançava, Ethan procurava uma oportunidade para confrontar Eddington sem causar o pânico. Durante o jantar, ele observou-o com atenção, notando cada gesto e cada olhar. Tabitha, sentada ao lado de Ethan, acompanhava a conversa em torno da mesa, mas a sua atenção estava dividida. Após a refeição, os convidados dispersaram-se pelo salão, muitos formando pequenos grupos de conversa. Ethan viu sua oportunidade quando Eddington se afastou para falar com um grupo mais pequeno. Aproximando-se com calma, ele tocou no ombro esquerdo do Duque, o mesmo que Scorpio tinha ferido durante a fuga no armazém. O efeito foi imediato. Eddington encolheu-se ligeiramente, e uma expressão de dor cruzou o seu rosto antes que ele conseguisse mascarà-la. Pequenas gotas de suor surgiram na sua testa, e Ethan percebeu uma leve mancha de sangue na manga do casaco.




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