O carro parou em frente à casa na Park Lane com um estrondo alto. O céu estava coberto por nuvens espessas, prevejo chuva.
Rowena ajudou o cocheiro a sair. Ele se moveu por um instante, olhando para a frente da casa. Era imponente, mais fria: pedra clara, janelas altas, cortinas pesadas já datadas.
Nada foi escrito para completá-lo. Típico.
Ele foi amarrado na entrada. Bateu, e um servo abriu para ele sem dizer uma palavra.
Lá dentro, o saguão era limpo, silencioso, impessoal. O eco de seus passos no mármore era interrompido por uma voz doze vezes mais alta, para ser sincero.
" Rowena, minha querida! ", exclamou Lady Meredith, a segunda esposa de seu pai, envolta em seda sedosa e um perfume floral irresistível. " Que maravilha que você esteja segura. Estamos começando a nos preocupar com o seu atraso."
Ele deu um passo à frente de braços abertos, mas o gesto parecia mais teatral do que afetuoso.
— Espero que a viagem não tenha sido muito cansativa?
"Lady Meredith", respondeu Rowena, retribuindo o abraço educadamente. "Longo. Mais suportável."
" Ah, que cerimônia! Eu disse, você pode me falar sobre Meredith? " Ela olhou para as roupas de Rowena e abaixou a cabeça com uma risada leve. " Vejo que você não encontrou uma criada. Não se preocupe, eu não estarei mais lá. A propósito, sua esposa está ansiosa para vê-la."
Passagens rápidas de eco-aram nas subidas.
Lívia apareceu com um sorriso radiante e um vestido muito atraente, que naquele momento ficou ainda mais evidente. Ela usava batom demais. Era filho do primeiro casamento de Lady Meredith e tinha tudo o que Rowena não era: loir, efusiva, vaidosa no fundamental.
— Rowena ! Que voz maravilhosa você viu. A viagem foi horrível, não foi? Você parece... cansada. Mas nada além de um novo penteado e um pouco de pó não resolveu. — Ela deu um sorriso radiante. — Eu te amo e te mando para minha costureira. Ela é um gênio com silhuetas complicadas.
"Obrigada, Lívia", respondeu Rowena, já a caminho dos passeios.
"Fico feliz em saber que você pensou em tudo." Ela então se virou para a madrasta. "Acho que meu quarto continua o mesmo."
— Não. Isso exige reforma. Já falei com seu pai. Colocamos você na sala azul.
"Seu quarto azul?" A pergunta saiu em tom neutro, mas Rowena sabia exatamente o que significava. Era ainda menos confortável na casa, nossas fazendas eram mais silenciosas.
Lady Meredith suspirou, mas manteve seu sorriso congelado.
— Rowena, meu nome: esta casa também é um reflexo da nossa posição. Não podemos nos dar ao luxo de quartos que parecem tão antiquados quanto os nossos antigos quartos.
" Naturalmente! ", interrompeu Lívia, sentindo-se excluída. " Ah, esta temporada vai ser fabulosa. Já temos convites para três bailes e um bate-papo com Lady Ascot. E dizemos que temos uma nova vizinha..."
" Hum, estranho, mas eu entendi ", acrescentou Lady Meredith, baixando a voz como se estivesse compartilhando algo indecente. " Ou talvez um aristocrata com um passado duvidoso. Esta propriedade está vazia há anos... Agora, servos orientados, continuem a ver. Excêntricos, duvidem."
Rowena levantou uma sombra.
— São excêntricas apropriadas para esta rua.
Lady Meredith dá uma risada curta que não alcança seus olhos.
— Ah, como você é inteligente... Tenho certeza de que esta temporada será muito boa, minha querida. Um pouquinho de brilho. Um pouquinho de... leveza.
"Vou manter isso em mente", murmurou Rowena, já cansada.
Ele parou por um instante, sem parar. Olhou para alguém de janela alta. A casa de ambos os lados era semelhante à anterior: simples, com um discreto portão de ferro forjado. Nenhum escudo. Nenhum movimento.
Ela continuou subindo para seus aposentos, para onde seus males já haviam sido enviados. Nossas fazendas domesticadas, escondidas como Cinderela.
O quarto que lhe reservaram era pequeno e sem vida. Seus móveis eram caros, a tapeçaria estava impecavelmente usada, mas faltava algo — algo que nem o luxo nem sua própria beleza conseguiam disfarçar.
Rowena parecia estar de jaqueta, aproximando-se de Janela. A rua ainda estava meio vazia, com longas sombras se estendendo sobre os postes de luz. A propriedade da vizinha permanecia imóvel. Não havia nenhuma vela visível. Mal se ouvia uma cortina se movendo.
Ainda assim, havia um certo suspense ali — como o tempo estava esperando por um gesto.
Ele suspirou e cheirou o rosto de vidro. O frio em sua pele contrastava com o calor de sua raiva reprimida.
Ela odiava a sua voz. Eu odeio sorrir para eles, sabendo que estamos fazendo tudo ou que podemos diminuir o ritmo.
Ele odeia se sentir impotente enquanto espera – as danças, os convites, os narizes prestativos, as instruções disfarçadas de boas intenções.
E, acima de tudo, eu odiava ter que fingir.
Um som abafado — talvez um piano distante, talvez apenas o seu próprio coração — preencheu o silêncio da sala.
Rowena fechou os olhos.
Espero que haja uma maneira de me libertar.