Era o ano de 1297, e o Reino de Termite fervilhava com o calor das forjas e o ecoar das marteladas contra o aço. O som constante dos trens sobre trilhos de ferro atravessava as cidades, transportando metais preciosos, armas, e esperança entre as grandes cidades de Diamantina, Ouro, Mitril, Prata, Bronze e, por último, a sombria e esquecida Cidade de Metal. Esse reino, onde o brilho dos metais e o suor dos trabalhadores eram o verdadeiro poder, era uma mistura vibrante de raças e culturas.
Dragonoides de escamas brilhantes caminhavam lado a lado com orcs de músculos esculpidos pela guerra e lupinos de reflexos ágeis e sentidos aguçados. O ar estava sempre pesado com o cheiro de carvão queimado e metal derretido, uma sinfonia de fumaça e faíscas que ressoava das altas chaminés espalhadas por todo o reino.
No topo dessa vasta rede de ferro e trabalho, governava o rei Artur Nedemor, um humano de coração duro e mãos calejadas, que se orgulhava de manter Termite como o centro de poder e produção em meio aos reinos vizinhos. Ele era respeitado por sua firmeza, mas temido por sua ambição. Sob seu comando, o reino crescia a cada ano, enquanto o aço e a prata de Termite se espalhavam pelos mercados e campos de batalha de outras terras.
No entanto, enquanto as altas cidades brilhavam com o brilho dourado de seus metais, a Cidade de Metal, à sombra de tudo isso, era um lugar diferente. Esquecida pelos nobres e pelos ricos, a cidade estava dominada pela criminalidade e pelo caos, onde a lei era uma força frágil e muitas vezes corrompida. Ali, a sobrevivência era tudo, e os mais fracos aprendiam rapidamente a se adaptar ou sucumbiam ao peso do destino.
No meio de uma rua de paralelepípedos gastos, entre becos escuros e construções de metal enferrujado, Gaikos Tharnë estava sentado no chão empoeirado, com uma expressão concentrada no rosto. As mãos sujas de fuligem moviam habilmente uma bolinha de gude, lançando-a contra as outras com uma precisão quase instintiva. Ao seu lado, estavam seus dois melhores amigos: Tharokk, o orc de pele esverdeada e feições duras, que observava o jogo com um brilho competitivo nos olhos, e Kaela, a astuta raposa lupina, cujas orelhas pontiagudas se mexiam a cada som ao redor, sempre alerta.
"Você não vai acertar essa, Gaikos," provocou Kaela com um sorriso travesso, a cauda felpuda balançando atrás dela.
"Veremos," respondeu Gaikos, sem tirar os olhos das bolinhas, sua mão preparada para o próximo movimento.
Tharokk, por sua vez, ria baixinho, sua voz grave e gutural. "Você já perdeu tantas que não tem mais como piorar, Kaela."
Enquanto os três brincavam, as sombras da cidade pairavam ao redor deles como uma presença constante. Gaikos, apesar de sua infância difícil, sempre carregou uma força que o destacava dos demais. Havia algo nele — uma intensidade oculta que nenhum deles compreendia completamente. Mesmo tão jovem, o Espírito da Guerra já se manifestava em sua postura, em sua determinação.
Editado: 14.10.2024