Capítulo 6: O caminho para o Quartel

Os dias se passaram, e o tempo fez sua dança silenciosa enquanto a vida continuava em Termite. Latipha e Antoni, com a fortuna acumulada das lutas clandestinas e seu próprio trabalho duro, conseguiram esticar as moedas de ouro por dois longos anos. Durante esse tempo, os jovens guerreiros Gaikos, Tharokk e Kaela dedicaram-se ao treinamento intenso, aprimorando suas habilidades e se preparando para o que estava por vir. Agora, Kaela e Gaikos tinham 16 anos, enquanto Tharokk já contava com 18.

Finalmente, chegou o dia tão esperado. Antoni decidiu levar os jovens até a Cidade de Ouro, a capital do reino, um lugar vibrante e cheio de oportunidades, mas também repleto de desafios. A viagem não era longa, algumas horas de caminhada ou a cavalo, mas cada momento estava carregado de expectativa e nervosismo.

Assim que entraram na cidade, a primeira coisa que os três notaram foi a disparidade social evidente. As ruas eram pavimentadas, e as construções se erguiam em grandiosidade ao redor deles. Gaikos, Tharokk e Kaela não eram estranhos ao preconceito e ao desprezo, mas a maneira como as pessoas nobres olhavam para a plebe era especialmente repugnante. Não eram apenas os nobres que desprezavam; até os cidadãos mais abastados viam os jovens como inferiores.

Latipha e Antoni mantiveram-se firmes à frente, ignorando os olhares condescendentes e desdenhosos. Eles sabiam que, por trás das aparências, havia oportunidades que poderiam mudar o destino de seus pupilos. Com determinação, eles seguiram em direção ao grande quartel, um imponente edifício que simbolizava a força militar do reino.

O quartel estava repleto de soldados em treinamento, todos imbuídos de um senso de dever e honra que emanava de suas vestes e posturas. A atmosfera era pesada com o cheiro de suor e metal, mas para Gaikos, Tharokk e Kaela, era um perfume de esperança e novos começos.

Antoni, com seu tom de voz firme, se dirigiu a eles:

— "Este é o lugar onde vocês provarão seu valor. Lembrem-se do que aprenderam e nunca subestimem suas habilidades. O exército de Termite pode ser exigente, mas é também uma oportunidade de se tornarem algo maior."

Os jovens assentiram, determinados e prontos para enfrentar os desafios que os aguardavam. Assim, eles adentraram o quartel, prontos para lutar por seu lugar e conquistar um futuro onde não fossem mais vistos como meros plebeus, mas sim como guerreiros respeitados e honrados.

Após se aproximarem da entrada do quartel, Gaikos, Tharokk e Kaela foram guiados por Latipha e Antoni para o balcão de inscrição. A atmosfera estava carregada de um misto de ansiedade e excitação, com outros jovens esperando a sua vez, todos com o mesmo objetivo em mente: se tornarem parte do exército de Termite.

Antoni fez as devidas apresentações, destacando as habilidades e experiências de cada um deles. Os oficiais, com olhares avaliativos, tomaram nota das informações enquanto os jovens se preparavam para o que estava por vir. O processo de inscrição era um pouco confuso, repleto de formulários e entrevistas, mas eles mantiveram a calma, determinados a seguir adiante.

Após alguns dias, finalmente chegou o momento da seleção. O processo de avaliação era metódico e, para muitos, entediante. A cada teste de resistência, força e habilidade, os três se destacavam, e essa proeza não passou despercebida. Enquanto Kaela demonstrava agilidade e destreza, Gaikos impressionava com sua rapidez e inteligência tática. No entanto, era Tharokk que frequentemente chamava a atenção, mostrando uma força e resistência que ultrapassavam até mesmo a dos guardas mais experientes.

Os comentários começaram a surgir entre os outros recrutas, murmúrios de inveja e admiração. Muitos não podiam acreditar que um plebeu, um simples garoto que havia crescido nas ruas, pudesse exibir tal potencial. Tharokk não se importava com as provocações; seu foco estava em se provar e conquistar o respeito que tanto almejava. Contudo, havia momentos em que sua resistência se tornava um alvo, e os outros não hesitavam em lançar comentários maldosos sobre sua origem.

— “Olha só o brutamontes, achando que pode competir com os nobres,” dizia um dos recrutas, rindo junto aos seus amigos.

Tharokk se limitava a ignorar os insultos, concentrando-se em seus treinos. Contudo, Gaikos e Kaela não podiam deixar isso passar em branco. Em um momento, enquanto os três se recuperavam de um exercício desgastante, Gaikos se virou para Tharokk:

— “Ignore-os. Eles só estão com medo do que você pode se tornar.”

Kaela acrescentou, olhando em volta com desdém:

— “Esses comentários só mostram o quanto eles têm inseguranças. Você é mais forte do que eles imaginam.”

Os dias passaram, e os desafios continuaram. O processo de seleção continuava a ser exaustivo, mas também trazia uma sensação de realização. Os três finalmente conseguiram conquistar o título de recrutas, um passo fundamental em suas jornadas como guerreiros. Quando o dia da cerimônia de aceitação chegou, a determinação nos olhos deles era palpável, enquanto se preparavam para se tornar parte do exército de Termite.

Agora, como recrutas, eles enfrentariam não apenas o treinamento, mas também o preconceito e a desconfiança de muitos que não aceitavam sua presença. Porém, juntos, Gaikos, Tharokk e Kaela estavam prontos para enfrentar qualquer desafio que a vida militar lhes apresentasse, determinados a provar seu valor e superar todas as expectativas.

Os três amigos, agora recrutas, enfrentavam uma nova realidade no exército. Suas responsabilidades, apesar de limitadas, incluíam patrulhar a área externa do forte e algumas partes da cidade. Eles eram designados a trabalhos menores, mas a vida militar trazia algumas vantagens: comida providenciada pelo quartel e dormitórios para todos os recrutas.

O exército era dividido em duas turmas bem distintas. Os nobres recebiam treinamento especializado para se tornarem no mínimo Dukes de Guerra, comandantes de alto escalão com um futuro garantido na liderança militar. Já os plebeus, como Gaikos, Tharokk e Kaela, eram treinados apenas para lutar nas linhas de frente. Para o exército, eles não passavam de soldados descartáveis, prontos para serem usados nos campos de batalha.