Após uma noite cheia de perguntas e respostas, Gaios e Celeste revelaram detalhes sobre o passado. Explicaram como evitaram que Antoni fosse preso, mas que, infelizmente, não puderam evitar que ele perdesse o braço durante o julgamento. A noite se desenrolou com o peso das lembranças, e, eventualmente, todos adormeceram.
No dia seguinte, Gaios acordou os jovens com uma notícia inesperada. "Vocês já foram admitidos como soldados," disse ele, sorrindo. "Já falei com o major e o general."
Os dois irmãos se entreolharam surpresos, sem saber exatamente o que esperar. Antes que pudessem fazer mais perguntas, Gaios continuou: "O verdadeiro treino de vocês começa hoje."
Ele os levou até uma área diferente do quartel, um setor reservado para treinamentos avançados. O local era equipado com diversas ferramentas mágicas, mas o que mais chamava atenção era uma grande esfera de metal no centro da sala. Gaios gesticulou para ela. "Essa esfera vai medir o nível de vocês. Coloquem a mão nela."
Os dois irmãos obedeceram, cada um colocando a mão sobre a superfície fria e metálica. A esfera brilhou suavemente, emitindo um pequeno holograma que indicava o nível de ambos. Surpreendentemente, tanto Tharokk quanto Gaikos estavam no nível de um guerreiro de 4 estrelas.
Gaikos, no entanto, ficou confuso. "Mas como posso ser de nível 4 estrelas? Eu não fui capaz de fazer frente àquele mercenário draconoide...?"
Gaios riu suavemente e explicou: "Isso é porque você tem quatro vezes mais mana que Tharokk. Essa diferença compensa a sua falta de resistência e força física. Se você aprender a usar sua mana de forma eficaz, pode equiparar as lacunas e até superar adversários mais fortes."
Gaios então olhou para os dois com um olhar determinado. "A partir de hoje, vocês serão meus alunos. Eu vou treinar você, Gaikos, no controle da mana e nas artes que exigem uma manipulação mais precisa."
Ele se virou para Tharokk. "E Tharokk, sua mãe vai ser sua treinadora. Ela é uma guerreira de 6 estrelas, e ela vai garantir que você libere todo o seu potencial físico e estratégico no campo de batalha."
Tharokk e Gaikos assentiram, cientes de que o treinamento que os aguardava seria árduo, mas estava destinado a moldá-los em guerreiros formidáveis. A jornada deles estava apenas começando. "Gaikos, primeiro você. Vamos lá", disse Gaios, observando atentamente seu filho. "O inimigo que você enfrentou, o draconoide, era um guerreiro de 3 estrelas. Se soubesse usar sua mana adequadamente, poderia tê-lo derrotado ainda mais rápido do que Tharokk. Tenho certeza que Antoni só ensinou esgrima e pugilismo a vocês, não é?"
Gaikos, ainda processando as informações, assentiu e respondeu: "Sim, nunca precisei usar minha mana para nada."
O que o deixava ainda mais assustado era o fato de que, mesmo sem nunca ter utilizado a mana, ele já tinha uma quantidade impressionante. Sua mana era comparável à de um mago ou feiticeiro, e ainda assim sua força e velocidade superavam a de guardas veteranos de 1 estrela — algo incomum para um garoto de apenas 16 anos.
Gaios o olhou com seriedade e disse: "Isso não é normal, mas é uma vantagem incrível. Muito bem, vamos lutar."
Ele se posicionou na frente de Gaikos, preparando-se. "Você pode fazer o primeiro movimento", disse Gaios, sem alterar a expressão tranquila.
Gaikos, determinado, sacou suas adagas e lançou um ataque rápido. No entanto, assim que avançou, tudo aconteceu em um piscar de olhos. Gaios, com movimentos incrivelmente rápidos e precisos, interceptou as adagas de Gaikos, desferiu um golpe nas juntas do rapaz e o arremessou ao chão com facilidade.
Caído, Gaikos sentiu o impacto do chão em suas costas, ofegante. Olhando para ele de cima, Gaios disse com uma firmeza calma: "De novo."Quando Gaikos se levantou, Gaios percebeu algo diferente no garoto. Ele parecia mais focado, com uma determinação crescente. Gaikos avançou novamente, e mais uma vez, Gaios o derrubou com facilidade. No entanto, a cada nova tentativa, Gaikos parecia mudar. Sua postura, movimentos e percepção de combate se aprimoravam de forma sutil, mas notável. Era como se ele estivesse aprendendo a cada golpe, entendendo melhor a situação.
Após mais uma tentativa frustrada, Gaikos ofegava, mas Gaios não parou o treinamento. Ao invés disso, fez uma pausa para refletir em voz alta: "Agora eu entendo por que você perdeu para o draconoide. Não foi por falta de habilidade ou poder, mas porque você não queria matá-lo."
Gaikos ergueu o olhar, surpreso, enquanto Gaios continuava: "Até hoje, você nunca levou uma luta a sério, nem mesmo quando estava perdendo. Você sempre hesitou em usar todo seu potencial. Me arrisco a dizer que Tharokk só derrotou o draconoide porque realmente lutou para matar, porque ele não hesitou."
Gaios se aproximou e olhou diretamente nos olhos de Gaikos. "Esse é o seu problema. Não é sobre ter mais mana, força ou velocidade, mas sobre estar disposto a usar tudo isso com convicção. Se você continuar hesitando, vai perder de novo, e da próxima vez, talvez não tenha outra chance."
O peso das palavras de Gaios pairava no ar, e Gaikos finalmente começou a entender o que faltava em sua maneira de lutar. Não era apenas técnica ou poder, mas intenção. A verdadeira intenção de lutar, sem hesitação.Enquanto Gaikos e Gaios conversavam, Kaela apareceu sorridente. "Opa, e aí, como vocês estão?" perguntou, zombando dos irmãos pelo alvoroço que haviam causado. Eles responderam rindo, "Estamos bem."
Gaikos, sempre direto, olhou para ela com uma sobrancelha erguida. "Por que você forjou sua derrota?"
Kaela, com seu tom irônico e uma risada leve, respondeu: "Eu? Jamais faria isso." Ela soltou uma gargalhada, deixando claro que não estava levando a questão tão a sério, como era de seu costume.
Enquanto conversavam, Celeste, a mãe de Tharokk, se aproximou, observando Kaela de cima a baixo com uma expressão confusa. "6?" disse ela, referindo-se ao nível de Kaela, mas sem seguir com mais perguntas, deixando o assunto no ar.
Editado: 14.10.2024