Cedric voltou para casa perplexo, ainda tentando processar a humilhante derrota. A diferença entre ele e Gaikos era maior do que imaginara, e isso o corroía por dentro. Ao entrar em casa, seu pai, Edmund Nedemor, estava à sua espera, um sorriso irônico estampado no rosto.
— "Encontrou o que procurava?" — perguntou Edmund, com uma voz debochada, claramente ciente da derrota do filho.
Furioso, Cedric retrucou com raiva:
— "Vai se foder!"
A tensão entre os dois aumentou. Cedric, sempre em busca de aprovação e cansado da constante pressão, questionou:
— "E você, em que nível está, papai? Já conseguiu sair das 4 estrelas? Ninguém pode com aquelas coisas!" — ele se referia à força descomunal que enfrentara.
Edmund cruzou os braços e, com frieza, respondeu:
— "É mesmo? E por que você não consegue ganhar de 'meros plebeus'? Essa é sua desculpa?"
Cedric não aguentou o tom condescendente e, inflamado, rebateu:
— "Então vai lá você, se é tão fodão! Aquele orc derrotou um mercenário conhecido por caçar especialistas mais poderosos que ele. O que você faria no lugar dele, esfregaria seu dinheiro na cara dele e diria que pode pagar mais que o contratante?"
A provocação atingiu em cheio, e Cedric continuou, sem freios:
— "Já vi você ser subjugado por cavaleiros com metade da sua mana. Tudo o que você tem é o poder do dinheiro!"
De repente, um estalo ecoou pela sala. Edmund desferiu um tapa em Cedric, com os olhos cheios de ira.
— "Veja como fala com seu pai, moleque. Você só chegou ao nível em que está graças a mim. Quer discutir comigo? Tudo bem, mas isso não vai te fazer se tornar melhor."
A sala ficou em silêncio, ambos respirando pesadamente, suas palavras pesando mais do que qualquer golpe. Cedric olhou para o pai com desprezo, a mão no rosto ainda sentindo o calor do tapa. Por dentro, ele sabia que parte do que Edmund dissera era verdade. Contudo, a sensação de impotência, tanto contra Gaikos quanto contra seu próprio pai, apenas alimentava sua frustração. Cedric estava furioso, tremendo de raiva, mas não ia deixar as coisas por isso mesmo. Dominado pela frustração, ele tirou a armadura e trocou sua espada, guardando as únicas coisas que lhe davam uma vantagem. Antes de sair, virou-se para o pai e disse:
— "Você acha que sou forte por sua causa? Veja o que posso fazer sozinho."
Cedric saiu decidido, dirigindo-se ao quartel onde Gaikos e Tharokk treinavam. Ao chegar lá, sua determinação era evidente. Ele olhou nos olhos dos dois e declarou:
— "Meu sangue nobre não vai me puxar para baixo. Eu vou superar vocês, nem que isso me mate."
Gaikos e Tharokk trocaram olhares, divertidos, zombando da situação.
— "Onde está aquele garoto arrogante do torneio?" — provocou Gaikos.
— "Ele era fraco. Não preciso dele. Vamos lá, não vamos ficar mais fortes só conversando."
Kaela, que observava tudo de perto, olhou diretamente para Cedric e disse com firmeza:
— "Primeiro, aprenda a fortalecer seu corpo. Pare de depender da magia."
Aquelas palavras bateram forte. Cedric olhou ao redor e percebeu que, ao contrário dele, todos ali tinham físicos robustos e treinados. Eles não dependiam apenas da magia, e Cedric começou a perceber a importância disso.
Foi então que o treinamento físico começou. A exaustão o dominava, a dor parecia insuportável, e seus músculos e ossos estalavam sob o peso dos exercícios. Ele queria desistir a cada momento, mas, ao olhar para Kaela, Gaikos e Tharokk, algo dentro dele o impulsionava a continuar.
"Como eles conseguem fazer tanto sem depender da magia?", ele pensava, sentindo a dor irradiar pelo corpo. Seu pensamento vagava entre a sensação de derrota e uma chama de determinação.
"Quanta dor... eu vou morrer..." — ele pensava em silêncio, enquanto seu corpo gritava por descanso.
Mas então, algo mais forte o fez seguir em frente.
— "Eu não vou parar. Não vou ser como aqueles nobres arrogantes que não enxergam suas próprias fraquezas."
E com essa determinação que ele repetia para si mesmo:
— "Eu vou me superar. Eu vou me superar. Eu vou me superar."
Cada gota de suor, cada dor muscular, era um passo a mais na direção de um Cedric mais forte e independente, disposto a não ser mais apenas o "nobre" de antes. Quatro meses de treino intenso se passaram, e Cedric finalmente alcançou a quarta estrela. Cheio de determinação, decidiu que era hora de testar sua nova força. Ele desafiou Gaikos, sabendo que ambos eram guerreiros do tipo velocidade.
— "Vamos lá, Gaikos. Dois guerreiros da velocidade, eu contra você."
— "Como quiser." — respondeu Gaikos, com um leve sorriso de confiança.
Eles se posicionaram no centro da sala, e a liberação de mana de ambos tornou o ambiente pesado. Sem hesitar, avançaram ao mesmo tempo. As adagas de Gaikos se chocaram contra a espada de Cedric, em ataques intensos e rápidos. A cada impacto, a sala parecia estremecer com as ondas de choque geradas pelos golpes.
Ambos conjuraram Aprimoramento Físico Superior, e o nível da luta mudou drasticamente. As trocas de golpes eram frenéticas. Esquivavam-se, bloqueavam, e atacavam em um ritmo alucinante, parecendo estar em um embate de igual para igual.
No entanto, conforme o tempo passava, a diferença de resistência começou a aparecer. Cedric, pouco a pouco, foi sendo forçado a adotar uma postura mais defensiva. Embora seus golpes continuassem precisos e fortes, ele estava sentindo o desgaste. A espada em suas mãos começou a perder a infusão de mana gradualmente, e Gaikos, implacável, aproveitou a abertura.
Com um golpe rápido e certeiro, uma das adagas de Gaikos rompeu a espada de Cedric. O som da lâmina quebrando ecoou pela sala. Cedric, agora ofegante, estava com uma adaga pressionada contra seu pescoço. Mas, em vez de frustração, seu rosto mostrava uma expressão de alegria e realização.
— "Eu perdi..." — disse Cedric, com um sorriso largo.
Editado: 14.10.2024