O filho da Guerra

Capítulo 18 A Sombra no Trono

Capítulo 18 – A Sombra no Trono

A Cidade de Ferro era um organismo podre, cujas entranhas fervilhavam com crimes e corrupção. No topo dessa cadeia alimentar, entre os senhores do submundo, havia um nome sussurrado com receio até pelos mais ousados: Glenn.

Poucos sabiam sua origem. Menos ainda ousavam falar sobre sua verdadeira natureza. O que todos sabiam, no entanto, era que ele não envelhecia e que aqueles que se voltavam contra ele não tinham sequer um cadáver para serem enterrados.

O covil dos Corvos Negros, localizado no coração da cidade, não era uma taverna suja ou um esconderijo improvisado como os de outras gangues. Era um palácio. Um prédio luxuoso que destoava da miséria ao redor, adornado por ouro e mármore negro. Lá dentro, enquanto criminosos comuns se afogavam em álcool e sangue, Glenn se sentava no topo, inalcançável, como um rei em seu trono de pecados.

O salão principal era um delírio de decadência. Tapeçarias exóticas cobriam as paredes, esculturas de ouro adornavam cada canto e joias estavam expostas como troféus de guerra. Mulheres seminuas deslizavam pelo recinto como fantasmas sensuais, adornadas com colares caríssimos, mas de olhos vazios.

E, no centro de tudo, Glenn repousava em seu trono macabro.

Seus olhos vermelhos, brilhantes como brasas, cortavam a penumbra do salão. Ele tragava um cigarro com a calma de um predador sem pressa, soltando a fumaça lentamente, como se cada segundo de sua existência fosse um espetáculo para ser apreciado. Seus longos cabelos prateados pareciam metal fundido sob a luz das velas, e sua pele pálida dava a impressão de que ele era esculpido em mármore.

A porta se abriu com um rangido. Um de seus capangas de confiança, um homem de rosto marcado por cicatrizes e vestes escuras, entrou apressado.

Glenn sequer ergueu os olhos.

— Espero que tenha uma razão muito boa para interromper meu momento de descanso... — Ele murmurou, girando o cigarro entre os dedos, sem pressa, sem medo, sem sequer considerar que aquele homem à sua frente poderia ser mais do que um inseto para ele.

O capanga engoliu seco, o suor se acumulando na testa. A presença de Glenn era esmagadora.

— Meu senhor... Temos um problema.

Glenn arqueou uma sobrancelha e, então, sorriu de canto, zombeteiro.

— Problema? Oh, meu caro... Problemas são para mortais. Eu sou a solução.

— Os intrusos... Eles estão aqui.

O vampiro parou de girar o cigarro, sua expressão se fechando por um breve momento.

— Intrusos?

— Os mesmos que enfrentaram nossos homens anos atrás. Gaikos, Tharokk e Kaela. Eles estão se escondendo na cidade.

Um silêncio pesado dominou o salão.

Uma das mulheres deslizou os dedos pelo peito de Glenn, tentando capturar sua atenção, mas ele a afastou com um movimento sutil da mão, como se espantasse um mosquito irritante.

Então, ele se levantou lentamente, seu casaco negro esvoaçando levemente. Seu olhar pousou sobre o capanga como se estivesse analisando um brinquedo quebrado.

— Ratos... Voltando para o esgoto, achando que não seriam percebidos?

O capanga manteve a postura rígida, lutando contra a vontade de recuar.

— Eles ainda estão se escondendo, talvez planejando alguma coisa.

O sorriso de Glenn se alargou, revelando um vislumbre de suas presas afiadas.

— Então vamos recebê-los... — Ele deu uma leve risada, um som baixo, frio, cheio de algo inumano.

Virou-se para outro capanga, um homem alto com uma cicatriz no rosto.

— Mande alguns dos nossos observá-los. Quero saber o que estão planejando.

Ele então se recostou novamente no trono, cruzando as pernas e tragando o cigarro mais uma vez.

— E avisem nossos aliados... Esta noite, haverá uma caçada.

A fumaça dançou ao redor dele, como se até o próprio ar respeitasse a presença do senhor do crime.

Lá fora, na Cidade de Ferro, Gaikos e seus aliados não faziam ideia de que seus passos já eram vigiados... e que a escuridão os espreitava com um sorriso afiado.

A resposta foi rápida. Antes mesmo da meia-noite, os becos da Cidade de Ferro se encheram de olhos atentos, espreitando os três forasteiros que haviam se tornado o centro das atenções. A recompensa por suas cabeças se espalhou como fogo em pólvora, e logo caçadores de recompensas, mercenários e assassinos começaram a se mover pelas sombras.

A cidade respirava perigo. Em cada esquina, homens e mulheres sussurravam códigos e gírias que tornavam o rastreamento ainda mais difícil para um ouvido desatento.

— Dizem que precisamos dar um salve neles… — murmurou um homem encostado em um barril, passando uma moeda para o informante à sua frente.

— Tsc. Aquele anão de armadura? Ele vai dar trabalho. Mas talvez goste de uma bebida na taverna onde só entra frio e sai gelado... — o outro respondeu, um sorriso malicioso surgindo no rosto marcado por cicatrizes.

Cada frase era um véu sobre a real intenção dos caçadores. "Dar um salve" significava caçar e eliminar. "A taverna onde só entra frio e sai gelado" era um eufemismo para uma armadilha mortal. E havia muitas outras.

— A mina que luta bem? Parece que já tem um pessoal que quer dançar com ela.

— Melhor arranjar um bom caixão.

Mas Gaikos, Tharokk e Kaela não eram tolos. Estavam na cidade mais corrupta do reino, e esperar menos do que uma recepção calorosa teria sido ingênuo. Eles perceberam os olhares, sentiram a mudança no comportamento das ruas. Até mesmo as crianças de rua, que normalmente corriam entre os becos vendendo quinquilharias, pareciam cautelosas ao passar por eles.

A mensagem era clara: estavam sendo caçados.

Movendo-se nas Sombras

Reunidos em um dos esconderijos improvisados que haviam conseguido na cidade – um armazém abandonado nos fundos de um cortiço –, os três discutiam seus próximos passos.

— Glenn não perdeu tempo — disse Gaikos, afiando sua lâmina curta sobre uma pedra. — Ele quer que a cidade faça o trabalho sujo por ele.



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En el texto hay: violencia, agrecion, violacion de derechos

Editado: 21.03.2025

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