Baseado em um sonho real do autor
Dizem que os sonhos são portais para mundos que só a alma conhece. Esta é uma dessas histórias — tão vívida e intensa que seria impossível ignorar.
Havia uma jovem mulher que morava em uma pequena aldeia. Ela era tão bela que causava inveja, admiração e até uma atração descontrolada por onde passava. Devido à sua beleza incomum, andava sempre com um véu que cobria o rosto. Ela era casada, e seu esposo trabalhava como guarda no castelo do rei da região. Um dia, foi visitar seu marido no castelo e acabou se deparando com a rainha em um dos corredores. Ao esbarrar nela, seu véu caiu. Quando a rainha viu sua beleza, a contratou à força para trabalhar no castelo como sua serva pessoal, temendo que o rei a visse e se apaixonasse. Por isso, decida mantê-la sempre por perto. Mas, infelizmente, isso só agravou a situação. Em um dia inesperado, o rei entrou no quarto da rainha sem aviso e viu a serva sem o véu. Como era de se esperar, apaixonou-se imediatamente por ela. Sua beleza era tamanha que ninguém conseguia se conter diante dela. A partir de então, o rei passou a segui-la pelo castelo. Sempre que sua esposa não estava por perto, ele tentou se aproximar dela, ainda que o jovem deixasse claro que era casada e que a traição era um pecado proibido por Deus. Em uma dessas investidas, a rainha flagrou o rei com a jovem. Houve uma intensa discussão. O rei alegou que, por lei, poderia ter uma segunda esposa e que tinha o direito de escolher quem quisesse. A rainha rebateu com fúria, lembrando que, apesar do seu poder, a jovem era casada, e que, pelas leis de Deus, isso era proibido. O rei se calou e saiu pensativo, enquanto a rainha, tomada pelos ciúmes, retirou-se revoltada. Ele foi para a sala do trono, ela para seu quarto. Infelizmente, ambas tiveram ideias semelhantes. A rainha, cega de raiva, mandou que matassem a serva. O rei, sem saber da ordem da esposa, mandou matar o guarda — marido da jovem — para tomá-la como esposa. Mas havia servos no castelo que não aprovavam as condutas do rei nem da rainha. Um deles, ao ouvir tudo às escondidas, correu para avisar a jovem que fugiu com o marido. Desesperada, ela saiu correndo com eles pelos descobertos. Passaram em casa para pegar algumas roupas, mas ouviram tumultos no vilarejo. Fugiram pelos fundos, correndo pela mata, enquanto carrascos da rainha e guardas do rei os perseguiram. No meio da fuga, se depararam com um grande lago, sem nenhuma forma de atravessar. A jovem, sem saber o que fazer, começou a chorar, perguntando a Deus por que havia sido amaldiçoada com tanta beleza. Em um ato de sacrifícios, empurrou o marido para a morte e ficou à beira do lago, na esperança de que os perseguidores não o seguissem. Ela ficou no lago. Quando os guardas e carrascos chegaram até ela, logo depois apareceu o rei e a rainha — sem saber que o outro também estaria ali. No momento de tensão, ignore-se. A rainha, cega de ciúmes,estava com um punhal na mão,dizendo que ela mesma mataria a serva. O rei equipado impediu-la, mas, naquele instante, O jovem olhou para o céu, fez uma prece, pediu perdão a Deus... e se jogou no lago. Seu marido, ao ver a cena, e pulo atrás dela para salvá-la. Mas não encontrei. Era como se seu corpo tivesse desaparecido — não havia vestígios de sua existência. Ele ficou por horas à beira do lago, chorando. Depois,construiu um acampamento próximo dali e passou a procurar todos os dias pela floresta, na esperança de que ela tivesse saído da água e ficasse escondida em algum lugar. Todos os dias, levava flores ao lago, no ponto exato onde ela havia se jogado. No aniversário de um ano do seu afogamento, enquanto chorava com flores à beira do lago e orava, pedindo um sinal de Deus, viu um reflexo turvo na água. Era o rosto de sua esposa, ampliado, sorridente. Ele olhou para o céu e a viu sobre as nuvens — linda como sempre, usou um vestido prateado que se alongava até o chão, um sorriso sereno e reconfortante iluminava seu rosto, envolto por uma luz suave. Ao ver aquilo, caiu em prantos — mas dessa vez, em paz. Voltou para seu acampamento, com o coração ainda cheio de saudade, mas agora também de consolo. E, mesmo sem lágrimas, contínuo todos os dias colhendo flores e levando ao lago. Essa história, embora pareça um conto medieval de fantasia, foi, na verdade, um sonho que tive. Um sonho estranho, com pessoas e rostos desconhecidos. Mas algo nele me tocou profundamente e senti a necessidade de compartilhar.