Passei um período muito aflito... Meu filho mais velho, que agora tem 16 anos, na época tinha por volta de 2 aninhos só.
De repente, ele começou a ficar doente e ter vários pesadelos. Ele se debatia o tempo todo enquanto dormia, suava frio, chorava, e tinha febres muito altas.
Levei ele em vários médicos diferentes. O máximo que eles faziam era controlar a febre com medicação e pedir exames. Mas os exames... nunca constavam nada. Tudo sempre dentro da normalidade.
Cheguei ao ponto de levar ele pra rezar, benzedeiras, igrejas... tudo que você puder imaginar. Às vezes amenizava, mas logo depois voltava tudo de novo, como se nada tivesse sido feito.
Eu já não aguentava mais ver meu filho naquela situação. Já não dormia, passava as noites inteiras sentada na beira da cama, vendo ele se debater, gritar e chorar. E eu ali, de mãos atadas... Pois não havia médico, igreja ou reza que resolvesse.
Até que uma noite... eu estava no meu limite. Exausta, com olheiras fundas, meu raciocínio já nem existia. Sentei na cama e, em prantos, levantei a cabeça e pedi a Deus — do fundo da minha alma — uma solução.
Naquela madrugada, acabei pegando no sono de puro cansaço.
E foi aí... que tive um sonho muito estranho.
No sonho, eu estava na casa da minha avó. Meu filho estava sentado no braço do sofá, e havia um relógio muito esquisito na sala. Toda vez que ele marcava 3 horas, fazia um som estrondoso que sacudia tudo. Quando eu tentava pegar meu filho, ele simplesmente desaparecia — e no lugar dele se abria um redemoinho escuro no meio da sala, que tentava me puxar.
Eu corri pra fora da casa, mas do redemoinho saiu um monstro transparente... era como se fosse feito de água viva, e veio atrás de mim. Quando o relógio fazia aquele som estrondoso novamente, tudo voltava ao normal.
Ainda dentro do sonho, apareceu uma pessoa conhecida. Ela olhou a casa com atenção e disse:
— Já sei qual é o problema.
Ela saiu e voltou com um bálsamo. Começou a passar nas paredes e fazer uma reza. À medida que passava o bálsamo, as paredes espumavam, como se algo ruim estivesse sendo limpo ou arrancado.
Acordei assustada, ofegante. E ali estava meu filho, ao meu lado, ainda se debatendo no sono. Sem pensar duas vezes, peguei ele no colo e saí com ele no braço.
Eu, descabelada, descalça, com a roupa de dormir... esqueci até que tinha bicicleta. Fui andando, atravessando bairros, até chegar à casa da pessoa do sonho.
Bati na porta com meu filho no colo. Quando ela atendeu, só consegui dizer:
— Um sonho me mostrou que só você pode resolver isso. Tem que ser você.
Ela não questionou.
Foi até o quintal, colheu algumas ervas, preparou um banho e deu nele ali mesmo. Quando tirou meu filho do banho, ele estava dormindo profundamente... como não dormia havia semanas.
Ela me olhou com serenidade e disse:
— Volta amanhã, ele vai precisar de mais um banho.
Mas no dia seguinte, ao retornar... as árvores de onde as ervas tinham sido colhidas já estavam mortas. Secaram completamente. As folhas viraram pó.
E o mais incrível: meu filho nunca mais teve aqueles pesadelos.
Foi um sonho...
Mas foi ele que salvou meu filho.