Capitulo 7

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A tarde já ia avançada quando Lilian entrou na grande sala de jantar, os passos a ecoar levemente no chão de mármore. A claridade inundava o espaço, destacando os detalhes intricados da decoração preparada para o jantar de boas-vindas. Os criados moviam-se com discrição, ajustando os últimos detalhes sob o olhar atento de Lilian.

Clara esperava-a com uma lista na mão, percorrendo mentalmente os itens já tratados.

— As flores estão no lugar, Lilian. O serviço de prata foi cuidadosamente polido, e os copos de cristal estão alinhados. Há mais alguma coisa que queiras verificar? — perguntou Clara, a voz tranquila, mas atenta ao humor sombrio de Lilian.

Lilian suspirou, passando os dedos pela superfície da mesa principal.

— Está tudo como planeado, Clara. Só espero que esta noite passe sem surpresas desagradáveis. — Fez uma pausa, o olhar perdido por um momento antes de se virar para Clara. — Mas, mesmo com tudo isto perfeito, há algo que não consigo aceitar. O meu pai quer que eu anuncie o meu noivado com Lord Sebastian esta noite.

Clara arregalou os olhos ligeiramente, mas recompôs-se rapidamente, fingindo surpresa.

— O quê? Lord Sebastian? Mas... pensava que ainda estavas a considerar outras opções — disfarçando a tensão na voz.

Lilian deixou escapar uma risada amarga.

— Opções? Não há opções, Clara. O meu pai já tem tudo decidido. E o que mais me irrita é que toda a gente parece aceitar isso.

Clara hesitou, não querendo revelar que já ouvira as conversas do Duque sobre os seus planos.

— Talvez ainda consigas convencer o teu pai. És forte e inteligente, e ele nem sempre é tão inflexível como parece.

Lilian balançou a cabeça, cruzando os braços.

— Não sei, Clara. Estou a sentir-me encurralada.

Um silêncio desconfortável pairou entre as duas, interrompido apenas pelo som distante dos passos apressados dos criados. Lilian endireitou os ombros, como se quisesse afastar a sensação de vulnerabilidade.

— Bem, acho que já vimos tudo aqui. Vamos embora antes que eu fique ainda mais irritada.

Clara assentiu, dobrando a lista e guardando-a no avental.

— Claro, Lilian. Precisas de mais alguma coisa? Senão eu vou acabar os meus afazeres.

— Não, Clara, podes ir — murmurou Lilian, desanimada.

As duas deixaram a sala e, enquanto Lilian subia lentamente para a biblioteca, Clara afastou-se, tentando concentrar-se nas suas tarefas, mas a mente continuava presa às palavras de Lilian. Pensava no que ela lhe dissera sobre o noivado e nas palavras que ouvira o Duque trocar com Claremont. As implicações sobre o caráter de Lord Sebastian não a deixavam em paz.

Como é que vou contar-lhe? — pensava, enquanto ajustava os lençóis de um dos quartos.

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Na biblioteca, Lilian aproximou-se de uma das estantes mais altas, os dedos deslizando pelas lombadas dos livros até escolher um volume de capa azul. Era um romance que adorava na juventude, mas que agora parecia incapaz de lhe trazer o conforto de outros tempos. Sentou-se numa poltrona perto da janela e tentou concentrar-se na leitura, mas as palavras pareciam fugir-lhe.

O jantar de boas-vindas de Gabriel, e o anúncio iminente do seu noivado com Lord Sebastian enchiam-lhe os pensamentos. Fechou o livro com um suspiro pesado e apoiou a testa na mão, os cotovelos sobre os joelhos.

— Como vou sair disto? — murmurou para si mesma, a voz abafada pelo vazio da sala.

Pensou em fugir. Era uma ideia que já lhe ocorrera antes, mas para onde iria? Como poderia escapar sem arruinar a sua reputação e a da sua família? A sua mente trabalhava a um ritmo frenético, explorando possibilidades, descartando-as quase de imediato. Preciso de ajuda — pensou, embora não soubesse a quem recorrer.

O sol começou a descer no horizonte, lançando tons quentes de laranja e dourado pela sala. Lilian olhou para a janela, sentindo o peso das expectativas sobre os seus ombros. Levantou-se finalmente, colocando o livro de volta na estante com um movimento quase mecânico. Era hora de enfrentar o inevitável, mesmo que o coração lhe pedisse para lutar contra o seu destino.

Abandonou a biblioteca e dirigiu-se para os seus aposentos. O dia já dava lugar à noite, e o ar fresco que entrava pelas janelas abertas trazia consigo um aroma a gardénias. No quarto, começou a preparar-se para o jantar. Retirou cuidadosamente o vestido escolhido do manequim e colocou-o sobre a cama. Enquanto ajustava os cabelos em frente ao espelho, ouviu uma batida leve na porta.

— Entre — disse ela.

Clara entrou, trazendo consigo uma pequena bandeja com chá.

— Pensei que poderias precisar disto antes do jantar — disse, pousando a bandeja sobre a mesa e observando Lilian com atenção.

Lilian esboçou um sorriso fraco.

— Obrigada, Clara. Estás sempre a cuidar de mim.

Ela aproximou-se e começou a ajudar Lilian a vestir-se, ajustando cuidadosamente os detalhes do vestido. Enquanto trabalhava, percebeu que a amiga continuava abatida.