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O amanhecer espreitava pelas cortinas do quarto de Lilian, lançando sombras pelo chão de madeira. Sentada na beira da cama, os dedos dela deslizavam nervosamente sobre o tecido do vestido simples que tinha escolhido. Não era apropriado, sabia disso. Sair de casa de madrugada para se encontrar com um homem não era algo que uma dama fizesse. Ainda assim, ali estava ela, incapaz de ignorar o que Gabriel tinha despertado dentro de si.
Não conseguia esquecer o encontro que ele marcara. No bosque. Sem máscaras. Só tu e eu.
A intensidade do seu olhar, somada ao tom grave e envolvente da voz, tinha-lhe tocado de formas que não conseguia explicar. Não era apenas o convite ou o desafio, mas uma promessa implícita, algo que fazia o seu coração bater mais rápido.
Inspirou profundamente, levantando-se. Ajustou o manto sobre os ombros e abriu a porta com cuidado, tentando não fazer barulho enquanto se movia pelos corredores silenciosos da mansão. Cada passo parecia soar mais alto do que o normal, mas, finalmente, conseguiu alcançar o exterior.
A brisa fresca da madrugada acariciou-lhe o rosto quando cruzou o portão da propriedade, guiada pela memória de onde Gabriel dissera que estaria.
Quando chegou ao bosque, o coração dela bateu mais rápido ao avistar a figura alta e descontraída de Gabriel. Ele estava sentado num tronco caído junto ao riacho que serpenteava pelo bosque, os cotovelos apoiados nas coxas e a cabeça ligeiramente inclinada, como se estivesse a refletir. O som suave da água misturava-se com a serenidade do lugar, criando um cenário quase irreal. A luz fraca destacava os traços definidos do rosto dele, enquanto a camisa desabotoada no colarinho lhe dava um ar relaxado, mas irresistivelmente sedutor.
Gabriel levantou a cabeça ao ouvir passos e sorriu.
— Vieste.
— Não devia estar aqui — respondeu Lilian, esforçando-se por parecer altiva, mas o leve tremor na sua voz traía-a.
— Provavelmente não — concordou ele, levantando-se e caminhando até ela. — Mas estás. E isso diz-me mais do que palavras poderiam.
Ela ergueu o queixo, lutando contra o calor que sentia subir-lhe ao rosto.
— Se queres falar, é melhor que digas algo que valha o risco que estou a correr.
Gabriel deu mais um passo, o sorriso dele tornando-se mais envolvente.
— O risco nem sempre é algo a evitar, Lilian. Às vezes, é onde se encontram as melhores recompensas.
Ela cruzou os braços.
— E o que queres de mim, Gabriel? Que eu confie em ti? Que acredite que estás aqui apenas para ajudar?
Ele hesitou um instante antes de responder.
— Quero que acredites que estou aqui porque não podia continuar longe, sabendo o que estás a enfrentar. Sei que não voltei quando deveria, mas nunca deixei de pensar em ti, Lilian. Nunca.
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Não podia ignorar a sinceridade nas palavras dele, mas ainda havia tanto que ela não entendia.
— Eu sei que não foi escolha tua partir... mas mesmo assim, não voltaste quando podias. Achas que é fácil para mim confiar em ti depois de tudo isso?
— Não acho que seja fácil — respondeu ele, a voz baixa. — Mas não espero que confies em mim de imediato. Quero mostrar-te que podes confiar. E, mais importante, quero que saibas que não estás sozinha.
Os olhos dela encontraram os dele novamente, e Lilian sentiu o mundo ao seu redor desaparecer. Havia uma intensidade naquele olhar que a fazia questionar tudo o que pensava saber.
Gabriel deu mais um passo, até a distância entre eles ser quase inexistente.
— Lilian, eu não quero que escolhas o caminho que eles traçaram para ti. És mais forte do que isso. Sempre foste.
Ela respirou fundo, o coração a bater descompassado.
— E se não for? E se não conseguir mudar o que já está decidido?
Ele inclinou-se ligeiramente, o rosto agora tão próximo que ela podia sentir o calor da respiração dele.
— Tu és suficiente. E, se me deixares, eu vou provar-te isso.
As palavras dele ficaram suspensas no ar, e antes que Lilian pudesse responder, Gabriel fechou a distância entre eles. O beijo foi suave, mas carregado de emoção, como se ele estivesse a transmitir tudo o que não conseguia dizer em palavras. Lilian sentiu-se presa naquele momento, incapaz de se afastar, mesmo sabendo o quanto aquilo era impróprio.
Quando finalmente se afastaram, Lilian respirava com dificuldade, os olhos fixos nos dele.
— Não devia ter vindo — murmurou ela, recuando um passo.
— Mas vieste — respondeu Gabriel, a voz firme, mas o olhar mostrando uma vulnerabilidade que ele não conseguia esconder. — E isso significa mais do que estás disposta a admitir agora.
Lilian desviou o olhar, sentindo o coração apertado.
— Preciso de tempo.
Gabriel assentiu, respeitando a distância que ela criara.