Ventos de Paixão - O Preço da Esperança - Vp Livro1

Episodio 2

Do outro lado do salão Damien ajeitou o casaco com um gesto despreocupado e olhou para Gabriel. O traje dele era irrepreensível, o corte da casaca perfeito, os detalhes meticulosamente alinhados.

— Tenho de admitir, Sinclair, ver-te assim tão impecável é uma raridade. Quase te confundiria com um verdadeiro nobre.

Gabriel ergueu uma sobrancelha, lançando-lhe um olhar divertido.

— Que comentário encantador, Damien. Devo sentir-me lisonjeado?

Damien riu-se, dando uma pancada leve no ombro do amigo.

— Só digo a verdade. Sempre estiveste mais confortável com botas cheias de sal e camisas desabotoadas. Mas vê pelo lado positivo, talvez Lilian aprecie a mudança.

Gabriel não respondeu de imediato. Em vez disso, passou os dedos pelo punho do casaco, ajeitando-o, antes de lançar um olhar pelo salão.

— Lilian já me conhece bem o suficiente para saber que a minha roupa não muda quem sou.

Damien deu-lhe um sorriso malicioso.

— Talvez. Mas também sei que sabes usar o charme a teu favor. Talvez seja altura de aplicares as mesmas táticas com Lilian.

Gabriel não respondeu. Os seus olhos já tinham encontrado Lilian do outro lado do salão, e naquele momento, tudo o resto se tornou irrelevante. Damien, que seguia a linha do seu olhar, abanou a cabeça com um meio sorriso.

— Não vais descansar enquanto não a tiveres nos braços, pois não?

Gabriel manteve-se em silêncio por um momento, mas a intensidade no seu olhar dizia tudo.

— Algumas coisas não podem ser ignoradas.

Damien soltou uma breve gargalhada.

Gabriel não precisou de mais incentivo. Atravessou o salão com confiança, cada passo firme levando-o inevitavelmente ao encontro dela, como se não houvesse força capaz de o deter. Parou à sua frente. A profundidade do olhar dele despertou-lhe uma emoção que lhe apertou o peito e fez o coração vacilar.

— Lilian — murmurou ele, a voz baixa, íntima.

Ela engoliu em seco, os dedos a apertarem a haste da taça.

— Gabriel.

A distância entre eles era ínfima, a presença dele a envolvê-la. Mas, antes que pudesse responder, a presença de Whitaker surgiu novamente, cortando o momento com a delicadeza de uma lâmina

— Lady Lilian, não me concederia esta dança?

O tom era cortês, mas a rigidez na voz denunciava que não era um pedido. Era uma ordem. Lilian hesitou, sentindo o olhar de Gabriel sobre si, como uma promessa silenciosa. Mas, rodeada pelo salão cheio de convidados e pelas regras do seu mundo, não tinha alternativa. Com um aceno elegante, aceitou.

Whitaker puxou-a para a pista de dança sem a menor delicadeza. Um claro contraste com a forma como a tinha segurado anteriormente, segurava-a com força, os dedos a apertarem-lhe a cintura como um aviso. Inclinou-se ligeiramente, o tom baixo, ameaçador.

— Já tolerei demasiado as tuas fantasias, Lilian. Mas esta farsa termina aqui. És minha noiva — e farás o que for exigido de ti, gostes ou não.

Lilian sentiu a pele arrepiar-se com a ameaça subtil. Antes que pudesse responder, Lady Penélope surgiu ao seu lado, a expressão tranquila e o tom cordial.

— Lord Whitaker, creio que Lilian poderá precisar de um momento para recuperar o fôlego. A noite ainda agora começou, e tenho a certeza de que desejará vê-la deslumbrar-nos por muitas horas.

O sorriso de Whitaker permaneceu, mas os olhos semicerraram-se ligeiramente. Ele não podia contestar sem parecer rude, não diante de Lady Penélope e de todos os que discretamente observavam.

— Naturalmente — respondeu com a formalidade necessária, soltando a mão de Lilian com relutância. — Afinal, não queremos que perca as forças demasiado cedo.

Lady Penélope pousou suavemente a mão no braço da afilhada, com uma segurança tranquila que não admitia contestação. A expressão continuava serena, mas o gesto era firme. Quando estavam a uma distância segura, voltou-se para Lilian e falou num tom gentil, mas intencional.

— Minha querida, esta noite é tua. Não deixes que um único par de mãos te retenha por demasiado tempo. Tenho a certeza de que Lord Sinclair não recusaria uma dança contigo.

Antes que Lilian pudesse responder, sentiu o calor de uma mão a envolver a sua.

— Se Lilian o permitir — murmurou Gabriel, a voz baixa e envolvente — serei eu o privilegiado desta vez.

O olhar dela subiu até ao dele, encontrando aqueles olhos azuis que sempre pareciam ver demasiado.

— Não precisavas ter insistido nesta dança — murmurou Lilian, tentando ignorar o efeito da proximidade dele.

Gabriel inclinou-se ligeiramente, os olhos divertidos.

— E perder a única oportunidade que tenho de te ter nos meus braços esta noite? Seria um desperdício.

Lilian desviou o olhar, mas a forma como ele a segurava não lhe permitia escapar.

— És impossível.

Gabriel apertou-lhe levemente a mão, conduzindo-a com suavidade.




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