Ventos de Paixão - O Preço da Esperança - Vp Livro1

Episodio 2

Ao entrar na sala, viu o pai de pé, um homem autoritário, habituado a ser obedecido, ele olhava-a como se ela o tivesse traído.

— Pai. — O tom de Lilian era neutro, mas a rigidez da sua fisionomia denunciava o nervosismo.

O Duque demorou um momento a olhá-la.

— O que é isto, Lilian? — A voz dele estava controlada, mas carregada de fúria.

Lilian não desviou o olhar.

— Não sei a que te referes.

— Não te faças de ingénua. — O Duque deu um passo em frente. — Recebi uma carta acerca do escândalo no qual estás envolvida. O teu comportamento nos últimos dias foi inaceitável. — O olhar dele tornou-se cortante. — Ousaste desonrar o nosso nome?

Lilian sentiu-se a empalidecer. Durante anos, obedecera, fizera o que lhe mandavam, nunca contestara. Mas agora, sabia que não podia ceder.

— Pai, eu não desonrei o nosso nome. Eu apenas percebi que este noivado nunca foi uma escolha minha.

O Duque soltou um riso seco.

— As mulheres na tua posição não escolhem, cumprem o seu dever. Se achas que podes recusar Whitaker e continuar a ser minha filha, estás enganada.

Lilian sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.

— Estás a dizer-me que me deserdarás se não casar com Lord Sebastian?

O Duque aproximou-se, a voz baixa, mas implacável.

— Não precisarei de o fazer, Lilian. Se me desafiares, a sociedade encarregar-se-á disso por mim.

O aviso dele era um veneno que se infiltrava nas suas veias. Mas antes que pudesse responder, Lady Penélope falou.

— Chega, Theodore.

O som da sua voz era como uma lâmina afiada, sem margem para contestação. O Duque virou-se para a irmã, incrédulo.

— Estás a defendê-la? Depois da vergonha que nos fez passar?

Lady Penélope encarou-o, firme.

— Sim. Porque alguém tem de protegê-la de ti.

O Duque apertou os punhos.

— Ela é minha filha, Penélope. Não me digas como devo tratá-la.

— Ela é minha afilhada. E eu não ficarei calada enquanto tentas transformá-la numa marioneta.

O Duque riu-se, um som seco e desprovido de humor.

— E o que vais fazer? Cuidar dela como se fosse tua? Manterás um nome desonrado na tua casa?

Lady Penélope sorriu friamente.

— Se achas que podes forçá-la a este casamento, estás enganado. Eu não permito que isso torne a acontecer.

O Duque ficou imóvel, ao ouvir as palavras da irmã, que o empurraram para uma lembrança há muito esquecida. Ele sabia que a irmã tinha poder social suficiente para manter Lilian protegida, mesmo contra ele. Mas ainda não estava vencido. Respirou fundo e ajustou o casaco, como se recuperasse o controlo.

— Muito bem, Lilian. — Os olhos dele voltaram-se para a filha. — Se queres arruinar o teu próprio futuro, fá-lo. Mas não esperes que eu esteja aqui para te ver cair.

E, sem mais uma palavra, o Duque virou-se e saiu da sala. A porta a fechar-se com um estrondo. O silêncio instalou-se, pesado como um fardo invisível.

Lilian sentou-se lentamente, os ombros ainda tensos, o coração a martelar dentro do peito. Lady Penélope pousou uma mão reconfortante sobre a dela.

— Acabaste de fazer o que muitas mulheres passam a vida inteira a desejar ter coragem de fazer, minha querida.

Lilian inspirou fundo. Estava a tremer

— Porque não me sinto corajosa?

Lady Penélope sorriu, um sorriso triste.

— Porque a coragem nem sempre nos dá alívio imediato. Mas dá-nos o direito de escolher o nosso próprio destino. O teu pai estava á espera que recuasses, Lilian, mas mesmo assim, ainda estás de pé.

Lilian inspirou fundo. Ela tinha enfrentado o pai. Mas agora... agora vinha o mais difícil. Enfrentar o resto do mundo. E no meio de tudo, havia um nome que o coração dela não conseguia calar. Gabriel.

O mordomo apareceu no limiar da sala, uma carta selada nas mãos.

— Milady, chegou uma carta do Palácio.

Lady Penélope ergueu uma sobrancelha antes de estender a mão para receber a correspondência. O selo dourado brilhava tenuemente sob a luz da sala.

Lilian observou-a desdobrar o pergaminho com um movimento elegante, os olhos verde-azulados percorrendo rapidamente o conteúdo. Quando voltou a levantar o olhar, uma sombra de expectativa cruzava-lhe a expressão.

— Parece que o rei decidiu intervir.

Lilian endireitou-se, o coração a saltar-lhe do peito tal era a sua ansiedade.

— Intervir como?

Lady Penélope pousou o convite sobre a mesa e empurrou-o na direção da sobrinha.

— Fomos convocadas para um baile no palácio.

Lilian pensou que ia desmaiar ao antecipar o que aquilo significava.




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