Ventos de Paixão - O Preço da Esperança - Vp Livro1

Capitulo 22

O salão permanecia suspenso num silêncio absoluto. Todas as atenções estavam voltadas para Lilian, cujo coração martelava com força dentro do peito.

O olhar do Rei encontrava-se cravado nela, expectante.

Gabriel, de pé a poucos metros, observava-a com uma intensidade que queimava. Não havia mais nada que pudesse fazer. A decisão era dela.

Lady Penélope deu um pequeno passo à frente, o seu olhar a transmitir-lhe força.

— Minha querida, este é o momento em que decides o teu próprio futuro.

O Duque de Cavendish permaneceu impassível, mas Lilian viu o orgulho no seu olhar.

O Rei sentou-se e recostou-se no trono, observando a cena com interesse.

— Lady Lilian, a decisão é sua. Deseja manter este compromisso?

Silêncio.

Então, Lilian respirou fundo e ergueu o queixo.

— Não.

A palavra ecoou pelo salão como um golpe fatal. O Rei assentiu levemente.

— Muito bem. O noivado entre Lady Lilian e Lord Whitaker está oficialmente anulado.

O olhar de Lilian permaneceu cravado no chão por um instante, enquanto assimilava tudo o que acontecera. A verdade estava ali. Tão óbvia que se sentiu tonta por não a ter visto antes. Não se apercebia dos murmúrios que varriam o salão nem dos olhares que recebia.

A carta … O coração apertou-se quando o pensamento lhe atravessou a mente. Aquela carta era uma mentira. Sempre fora. Cada detalhe, cada palavra escrita… tudo fazia parte de um plano meticuloso para afastá-la de Gabriel. E ela tinha caído nessa armadilha. Ela ergueu o olhar para ele, que a observava, como se esperasse por algo.

Por ela. E eu duvidei dele.

A culpa encheu-lhe o peito. Ele sempre lhe dissera a verdade. Lutara por ela, contra tudo e contra todos, e ela… Ela acreditara em Whitaker. Soubera exatamente como manipulá-la. Tocara na sua maior fraqueza, o medo de confiar e ser traída.

Lady Penélope, que estava ao seu lado, tocou-lhe no ombro suavemente.

— Minha querida…

Mas ela não precisava de conforto. Precisava de ir até ele. Agora.

Endireitou-se, respirou fundo e atravessou o salão. Os sussurros tornaram-se mais rápidos, mais sonoros, mas ela não hesitou. Cada passo era um voto de confiança, uma reafirmação do que sentia, do que sempre sentira.

Quando parou diante de Gabriel, sentiu o estomago embrulhado. Ele olhou-a. Ela engoliu em seco.

— Gabriel… perdoa-me.

Continuou, sentindo as lágrimas arderem-lhe na garganta.

— Eu devia ter confiado em ti. Devia ter ouvido o meu coração em vez de permitir que Whitaker me manipulasse.

Gabriel ficou em silêncio por um instante, e depois, um sorriso pequeno, quase relutante, curvou-lhe os lábios.

— Lilian…

Ele deu um passo na sua direção, a mão estendendo-se hesitante até tocar na dela.

— Diz-me… ainda acreditas em mim?

Ela não hesitou.

— Sempre acreditei.

A sua voz tremeu.

— Eu só tive medo. Mas agora sei que o medo não pode controlar o que sinto por ti.

Gabriel olhou-a por um instante, como se procurasse qualquer hesitação. Mas encontrou apenas certeza. Então, finalmente, ele sorriu. E Lilian sentiu-se livre.

— Se ainda me quiseres...

A sua voz saiu baixa, mas firme.

Gabriel não esperou mais. Em vez de responder com palavras, tomou-lhe as mãos e puxou-a para um beijo. O salão explodiu em murmúrios e suspiros de espanto. O escândalo já não importava. A aristocracia sempre teria algo para comentar, mas pela primeira vez, Lilian não se importou.

Afastaram-se ligeiramente, e Gabriel olhou-a com um sorriso leve.

— Sempre quis.

O Duque, que observava tudo à distância, soltou um longo suspiro e virou-se para Lady Penélope.

— Isto nunca poderia ter terminado de outra forma, pois não?

Ela sorriu levemente.

— Não, Theodore. Nunca poderia.

O Rei levantou-se, encerrando a noite com uma última declaração.

— Então está decidido. Um novo noivado, um novo destino. Espero que façam bom uso da liberdade que conquistaram.

Lilian sentiu Gabriel apertar a sua mão, e quando olhou para ele, soube que sim. Estava finalmente livre para viver a sua própria história.

***

O sol da manhã atravessava as grandes janelas da residência de Lady Penélope, lançando reflexos dourados sobre o salão. A casa estava mais silenciosa do que nos últimos tempos. O caos do escândalo, dos confrontos e das decisões já havia passado. Agora, restava apenas o futuro, e a reconstrução do que fora perdido.

Gabriel estava de pé junto à lareira, os olhos fixos na carta que recebera naquela manhã. A resposta formal do Rei ao seu pedido. A sua missão como corsário chegara ao fim. Ele era livre para escolher o seu próprio destino.




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