Vientos de Pasión – Una Verdad Oculta L2

Capítulo 1

O amanhecer envolveu Londres em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo tilintar ocasional de um galho contra o vidro do luxuoso quarto de Lady Evangeline. As velas, reduzidas a pequenos montes de cera derretida, lançavam uma luz bruxuleante sobre o quarto saturado de jasmim — doce, intensa, quase sufocante, como um segredo que se recusava a se dissipar. O aroma se misturava com suor e desejo, mas Damien sentia apenas vazio. Sombras tremulavam nas paredes cobertas de tapeçarias vermelhas e douradas, refletidas no espelho ornamentado ao lado da penteadeira.

Vestiu-se em silêncio. Seus movimentos eram calmos e metódicos. A camisa de linho escorregou de seus ombros largos e ele a abotoou sem pressa, como se o gesto não passasse de um ritual tedioso. Seus lábios formaram um leve sorriso irônico ao ver o reflexo de Evangeline no espelho.

Os lençóis deslizavam sobre o corpo dela como o último vestígio de sedução, mas Damien sentia apenas o desgaste de algo que já experimentara tantas vezes. O toque da seda, que antes lhe dera prazer, agora parecia frio e sem sentido. Antes, aquele olhar suplicante teria despertado seu desejo. Hoje, só lhe causava impaciência — um fardo do qual ansiava por se livrar.

"Você não pode fazer isso comigo..." Sua voz embargada quebrou o silêncio no quarto. "Você disse que me queria."

Damien suspirou, ajustando seu colete com um gesto automático.

—Desejar e amar são coisas diferentes, Evangeline. — Ele olhou para ela com um brilho irônico nos olhos. — Você já deveria saber disso.

A frase saiu com uma crueldade natural, mas, ao dizê-la, uma parte dele reconheceu sua própria aspereza.

O rosto de Evangeline endureceu. Por um segundo, ela pareceu perder o fôlego. Ela se levantou de um salto, os lençóis deslizando por seu corpo nu, revelando as curvas generosas que ela tantas vezes usara como arma. Num gesto de falsa modéstia, ela os puxou para mais perto do peito. Seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e súplica.

Damien já vira aquela sedução tantas vezes que ela havia parado de afetá-lo. Mas, naquele momento, os olhos dela brilhavam perigosamente, com um brilho frio. Isso o fez hesitar por um instante, antes de recuperar o sorriso preguiçoso.

"Você está me dizendo para me casar com outro homem?" As palavras estavam carregadas de descrença e veneno. "Depois de tudo o que passamos?"

Ele se virou para ela, curvando-se levemente enquanto pegava as botas.

— Exatamente. Com alguém mais adequado para você. Talvez um Conde. Ou um Visconde... Ah, espera, você já tentou isso antes, não é?

Seu olhar faiscou, incandescente de fúria.

— Você é um arrogante desprezível.

Damien calçou as botas em um movimento rápido.

—Sempre tão dramático, querida.

O silêncio que precedeu a tempestade pareceu, para Damien, quase teatral — até cômico. Seus olhos se encheram de lágrimas e seus lábios se abriram em um suspiro trêmulo. Num acesso de raiva, ela jogou um travesseiro nele.

— Mentiroso! Falso! Você nunca amou ninguém além de si mesmo!

Damien desviou do objeto sem esforço, soltando uma risada baixa, como alguém que testemunha uma cena repetida inúmeras vezes. Pegou o casaco, sem pressa. Estava farto. Das súplicas. Das manipulações. Da teatralidade.

Ele já havia tomado a decisão horas antes, na casa de Gabriel e Lilian. Ele e Gabriel eram sócios da empresa de navegação que Gabriel havia fundado após deixar a vida de corsário. O negócio estava crescendo, e os Estados Unidos eram o próximo passo.

"Você é um monstro...", soluçou ela, afundando-se nos lençóis, os dedos cerrados cravando-se na seda amassada. Mas, por trás das lágrimas, seus olhos brilhavam com algo mais do que dor — havia frieza, cálculo, implacabilidade.

"Você ainda será meu, Damien." Sua voz oscilava entre o desespero e a frieza, como se as palavras escapassem antes que ela pudesse impedi-las. "Não vou deixar você me jogar fora assim."

Ele deu uma risada seca, sacudindo o casaco enquanto se dirigia para a porta.

— Você está sendo dramática, Evangeline. Você vai encontrar outra pessoa em breve.

— Talvez o tempo lhe mostre o que você ainda não quer ver. — Seus lábios formaram um sorriso, mas seu olhar permaneceu vazio. Não era um apelo ou uma promessa. Era um aviso.

Damien não disse nada. Mas, por dentro, só pensava em uma coisa: graças a Deus ele estava indo embora. E logo. Com um sorriso divertido, ele balançou a cabeça.

— Você sabe que existem outras maneiras de se entreter sem me envolver, Evangeline. Que tal o bordado?

O travesseiro voou em sua direção. Damien desviou facilmente e soltou uma risada curta e sem emoção. Então, virou as costas e foi embora.

Ao descer as escadas, sentiu um peso invisível abandoná-lo, como se estivesse emergindo de um confinamento prolongado. O cheiro dela ainda impregnava sua pele — espesso, persistente. A mansão, mergulhada na penumbra da manhã, estava silenciosa, mas ele ainda sentia o eco da fúria dela — como se Evangeline se recusasse a deixá-lo ir por completo.

Quando finalmente atravessou a porta, o ar fresco da noite o envolveu, dissipando o cheiro enjoativo impregnado em suas roupas. Respirou fundo, deixando a brisa levar embora os últimos vestígios daquela noite. Ali, sob o céu escuro e infinito, ele finalmente se sentiu livre. O mundo parecia maior. Sem correntes. Sem Evangeline à espreita, pronta para atirar coisas em sua cabeça. Sim — ir para a América era uma ótima opção para ele.

No quarto, porém, o choro parou tão repentinamente quanto começara, deixando o cômodo mergulhado em um silêncio profundo. Ela não perdia. Nunca. E sempre conseguia o que queria. Enxugou as lágrimas com um gesto brusco, os olhos castanhos brilhando com uma frieza implacável.

— Você ainda será meu, Damien — ela murmurou.

Seus lábios se abriram em um sorriso gélido, mas havia mais do que apenas frieza em seus olhos. Obsessão.




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