✨🌹 Oi, você está gostando da história? Clique em seguir e me diga o que achou. 🌹✨
O relógio sobre a grande lareira soava suavemente pela sala de estar, tiquetaqueando cada segundo que parecia se arrastar no silêncio opressivo. Lady Penelope estava sentada rigidamente na beira de um sofá, com as mãos entrelaçadas no colo, os olhos percorrendo Clara. O Duque de Cavendish estava ao lado da irmã, sério, mas observando atentamente a jovem à sua frente.
Gabriel e Lilian estavam sentados em uma poltrona próxima, ambos em silêncio. Lilian apertou levemente a mão do marido, seu olhar oscilando entre a tia e Clara, como se estivesse se preparando para o impacto do que estava prestes a acontecer.
Clara, sentada na cadeira oposta, sentiu a estranheza do momento pesar sobre seus ombros. Algo estava errado. Muito errado. A tensão no ar era quase sufocante, e a maneira como Lady Penelope e o Duque se entreolhavam só aumentava sua inquietação.
"Por que todo mundo está me olhando desse jeito?", perguntou Clara, franzindo a testa enquanto colocava na mesa a xícara de chá que ela nem tinha tocado.
Lady Penelope tentou falar, mas hesitou. Sentiu um nó na garganta, um medo profundo a sufocando. O Duque percebeu sua hesitação e interveio, com a voz grave, mas surpreendentemente gentil.
—Clara, tem uma coisa que você precisa saber. Algo que já deveria ter sido dito há muito tempo.
A respiração de Clara ficou instável.
"O que você quer dizer?" Sua voz soou mais baixa do que ela pretendia.
Lady Penelope fechou os olhos por um momento antes de finalmente reunir coragem para falar.
—Você não é apenas minha protegida, Clara. Nem apenas uma jovem que cresceu entre nós.
Clara olhou para ela, confusa.
— Eu sei. Fui criada como dama de companhia da Lilian e depois adotada por você. Mas... o que há de tão... nisso?
—Você é minha filha, Clara.
Aquelas palavras a atingiram como um choque inesperado. A sala pareceu encolher ao seu redor. O coração de Clara batia forte em seus ouvidos.
-Não.
Lady Penelope fez menção de se levantar, mas Clara instintivamente deu um passo para trás, empurrando a cadeira para trás com um clique agudo.
"Isso não pode ser verdade", ele murmurou, com os olhos arregalados.
Penélope tentou se aproximar, mas o Duque colocou a mão em seu braço, como se quisesse impedi-la de pressionar Clara com muita força.
"Durante anos, meu instinto me disse que havia algo mais para descobrir", continuou Penelope, com a voz embargada de emoção. "E então... descobri que você foi entregue a um orfanato a pedido do meu pai. Ele me disse que você estava morta." Sua voz embargou e seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas. "Isso me destruiu. Mas a mãe da Lilian..."
Ela não conseguiu continuar. A dor e o peso de anos de silêncio a oprimiam. Foi então que o Duque retomou a história.
"Carolyne, minha esposa, não acreditou no que nosso pai disse. Algo não batia. Ela conseguiu descobrir onde você estava e te trouxe de volta para nossa casa." Sua voz tremia um pouco agora. "Mas... ela faleceu quando Lilian nasceu."
O nome da falecida Duquesa ecoou na mente de Clara, trazendo de volta velhas memórias, uma mulher doce com olhos gentis que cuidou dela em seus primeiros anos.
"Lady Carolyne... me trouxe de volta?" Sua voz era quase um sussurro.
Lady Penelope assentiu, lutando contra as lágrimas.
— Sim. Mas quando ela morreu... ela nunca contou a ninguém. Nós... eu não sabia. Só descobri recentemente, quando falei com a ex-empregada da Carolyne. A mesma com quem você falou.
Clara franziu a testa ligeiramente, confusa, enquanto tentava processar a informação. O nó em seu peito ficou cada vez mais apertado.
"A solteirona?", murmurou ela, com a voz embargada. "Então... tudo o que ela me disse era verdade?"
Penelope respirou fundo, tentando conter sua ansiedade.
—Sim, querida. Tudo.
Clara balançou a cabeça e deu um passo para trás. O impacto a atingiu como uma onda que a arrastou sem aviso.
"Não... isso não faz sentido", sua voz ficou trêmula. "Eu passei a vida inteira naquela casa... e ninguém me disse nada?"
As palavras de Lady Penelope dançavam diante de seus olhos, como se envoltas em névoa. E então, lembranças emergiram. O jeito como Lady Carolyne sempre a chamava com uma ternura diferente, um cuidado que ia além da benevolência de uma duquesa.
As poucas vezes em que um criado hesitou antes de responder, como se soubesse de algo que ela desconhecia. Até os murmúrios das criadas, as palavras sussurradas entre xícaras de chá e panos dobrados, que haviam passado despercebidos na ocasião. Tudo fazia sentido agora.
E essa percepção tornou tudo ainda mais insuportável.
O duque, que até então permanecera em silêncio, interveio com voz firme e controlada.
—Ninguém sabia.
Clara os encarou, incapaz de processar o que ouvia. Sua pele formigava, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar.
—Então… toda a minha vida foi uma mentira?
"Não, Clara", murmurou Penelope, com a voz embargada. "O amor que você sente, o que vivenciamos... nada disso é falso. Eu só queria te proteger."
Clara riu, mas o som era frio e sem humor.
—Me proteger? De quê? Da verdade?
Penélope fechou os olhos por um momento, tentando recuperar o fôlego.
— Eu não sabia, Clara. Juro. Durante anos, nunca suspeitei... e quando descobri, fiquei com medo do que isso significaria para você.
"Eu também descobri ontem", acrescentou o Duque, com a voz grave, mas carregada de emoção. "E o impacto foi tão grande para mim quanto é para você agora."
O silêncio era pesado, denso de emoções não resolvidas. Clara olhou para eles, procurando por alguma falha em suas palavras.
Penélope cerrou as mãos, a dor refletida em seus olhos.
— Eu nunca teria escondido algo tão importante de você se soubesse, mas agora... agora que sei, tudo o que quero é que você saiba quem você realmente é. E que você saiba que é amada, Clara. Você sempre foi.