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A noite caía, suave e silenciosa, sobre a propriedade de Lady Theodora Ashford, onde o único som audível era o ritmo controlado dos passos de Theo no dojo improvisado. A madeira polida do piso refletia a precisão de cada um de seus movimentos, o eco das pancadas na mochila de treinamento se misturava ao suave murmúrio do vento que entrava pelas janelas altas. Cada pancada era uma afirmação de liberdade, um reflexo do mundo que ela buscava construir fora das convenções da aristocracia.
No andar superior da casa, Lady Honoria Ashford, sua tia, estava sentada em um canto com um livro aberto, embora seus pensamentos estivessem distantes das palavras escritas. Desde o retorno de Theo de Kyoto, a casa dos Ashford havia se tornado um lugar de rotinas nada convencionais.
Lady Honoria sabia que sua sobrinha estava ultrapassando os limites do que era esperado de uma dama de sua posição, mas se a irmã de seu falecido marido confiasse nela para cuidar dela, ela garantiria que a jovem permanecesse fiel a si mesma.
O som do treinamento interrompeu a tranquilidade do andar superior, mas foi o leve pigarrear do mordomo japonês que fez Theo parar por um instante. Imperturbável como sempre, o homem estava parado na porta, com um envelope na mão.
“Minha senhora”, disse ele, oferecendo-lhe o convite.
Ao lado dela, a empregada observava Theo como se tivesse acabado de ver um fantasma.
Theo levantou uma sobrancelha, olhando para o envelope com um pequeno sorriso irônico.
—Deve ser um convite para um duelo. Caso contrário, não estou interessado.
A criada, visivelmente chocada, soltou um suspiro abafado, e Theo, ao vê-la, perguntou curioso:
—Nova empregada, certo?
O mordomo assentiu.
—Sim, minha senhora.
"Ah, que legal", comentou Theo com um sorriso travesso, antes de se virar para a empregada. "Bem-vinda à Mansão Ashford. Aqui nos 'divertemos', não só tomamos chá e dançamos."
A criada, perplexa, mal conseguia reagir quando Theo pegou o convite e começou a examiná-lo.
"O que temos desta vez? Mais um chá da tarde tedioso ou um evento com mais oportunidades para brincadeiras sociais?", perguntou ele com um olhar divertido.
"Uma dança, minha senhora", respondeu o mordomo, sem surpresa.
Theo ergueu as sobrancelhas e olhou para o convite como alguém avaliando uma carga de obrigações.
— Ah, sim. Uma noite cheia de conversas sobre as últimas modas e tentações de se casar com o próximo idiota da fila.
A criada quase perdeu o fôlego. Theo sorriu atrevidamente, olhando para ela antes de devolver o convite ao mordomo.
—Muito bem, avise-os que eu irei.
"A senhora realmente aceitará?", perguntou o mordomo, curioso.
Theo suspirou dramaticamente, sua voz carregada de diversão.
— Não posso evitar todos os eventos sociais. Além disso, nunca se sabe... pode ser uma noite interessante se eu encontrar a pessoa certa para provocar.
A empregada, ainda em choque, arregalou os olhos, mas Theo lançou-lhe um olhar que era algo entre desprezo e diversão.
"Pode respirar agora, moça. Prometo não desafiar ninguém para um duelo no meio da dança", disse Theo com uma risada abafada.
O mordomo fez uma leve reverência e, sem mais palavras, saiu como se nada de extraordinário tivesse acontecido.
Enquanto isso, no andar de cima, Lady Honoria, que ouvira os murmúrios e as risadas abafadas, suspirou, já prevendo o tipo de escândalo que sua sobrinha causaria. Mas, com um sorriso gentil nos lábios, sabia que não se arrependia de tê-la recebido em sua casa.
Talvez fosse exatamente isso que o mundo precisava ver: uma jovem que não tivesse medo das regras e uma senhora mais velha que não tivesse medo de seguir sua liderança.
Theo olhou para a empregada, que ainda estava presa na porta, incapaz de processar o que acabara de testemunhar. Ele deu um tapinha de leve em seu ombro antes de retornar ao seu treinamento.
"Relaxe. É assim que as coisas funcionam por aqui", disse Theo com um sorriso travesso.
A jovem criada, ainda atordoada, permaneceu imóvel, mas Theo simplesmente riu e voltou aos seus movimentos, saboreando a diversão que sentia. Ela sabia que o espanto dos que a cercavam era o combustível perfeito para mais um dia de travessuras.
Clara não sentia o vento cortante nem o frio que se infiltrava pelas ruas. O mundo ao seu redor parecia estar desmoronando, e ela se sentia estranha e vazia, como se algo tivesse se quebrado dentro dela. Seu coração batia forte no peito, tão rápido que parecia que ia explodir.
As palavras ainda ecoavam, mas ela se recusava a dar-lhes forma, temendo que a verdade já se insinuasse em sua mente. Seu peito subia e descia com a respiração ofegante, enquanto seus pés rápidos batiam nos paralelepípedos. Lágrimas turvavam sua visão, e a dor que dilacerava seu peito tornava-se insuportável a cada batida do coração.
Ela não sabia exatamente para onde estava indo. Só sabia que precisava escapar. Escapar daquela casa. Escapar da mentira. Escapar de uma verdade que lhe fora imposta como se fosse um presente, quando tudo dentro dela gritava que era um pesadelo.
As ruas estreitas e mal iluminadas passavam como sombras disformes. Os sons distantes de risos, cavalos e carruagens se misturavam aos sons abafados da cidade, mas tudo o que ela ouvia era sua própria respiração ofegante e o pulso frenético em seus ouvidos.
Minha vida inteira... tudo que eu pensava que sabia sobre mim... era uma mentira.
O pensamento a esmagou. Seus pés a carregavam para frente, como se cada passo fosse a única coisa que a mantinha de pé, impedindo-a de desmoronar completamente, de ceder à dor que ameaçava engoli-la por inteiro.
Ela atravessou um mercado quase deserto, desviando de carrinhos e barracas já fechados. As poucas pessoas que ainda vagavam pela cidade àquela hora lançaram-lhe olhares curiosos, mas ninguém se aproximou dela.